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Rússia envia tropas a Belarus para exercícios próximos à fronteira com a Ucrânia

Forças também atuarão na divisa com Polônia e Lituânia, países-membros da Otan

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Kiev, Moscou e Londres | Reuters

Em meio à escalada de tensões entre Rússia e potências do Ocidente sob o temor de uma invasão da Ucrânia, Moscou enviou tropas e equipamentos militares a Belarus nesta segunda-feira (17), para a realização de exercícios conjuntos que devem começar em fevereiro.

As operações serão feitas numa região a oeste de Belarus, na fronteira com os membros da Otan Polônia e Lituânia, além da própria Ucrânia, anunciou o ditador belarusso, Aleksander Lukachenko.

Tropas russas em exercício conjunto com forças da Belarus em setembro de 2021 - Vitaly Nevar - 13.set.2021/Reuters

"Defina uma data exata e nos avise, para que não sejamos culpados por movimentar algumas tropas aqui do nada, como se estivéssemos nos preparando para ir à guerra", disse ele a altos oficiais militares.

O ditador se referiu à movimentação de mais de 100 mil soldados da Rússia na fronteira com a Ucrânia, no que tem sido visto como uma ameaça de invasão. Os EUA acusam Moscou de preparar ações militares concretas para serem realizadas nas próximas semanas.

Os russos negam o plano de invasão, mas aproveitam o impasse para exigir garantias de segurança do Ocidente, como a contenção da Otan, aliança militar capitaneada pelos EUA e vista como uma ameaça. O Kremlin quer firmar um acordo para garantir o veto da entrada da Ucrânia ao grupo.

Lukachenko afirmou que exercícios militares são necessários porque a Ucrânia reuniu tropas na fronteira, e a Polônia e países bálticos têm mais de 30 mil homens a postos na região. O ditador está à frente de Belarus, ex-república soviética que Moscou vê como um Estado-tampão, desde 1994 e fortaleceu os laços com o Kremlin após os atos em massa que eclodiram em 2020 e foram reprimidos com violência.

"Devem ser exercícios normais para elaborar um certo plano para enfrentar essas forças: o Ocidente, os países bálticos, a Polônia e o sul —a Ucrânia", disse em, em comentários divulgados pela mídia estatal.

O Kremlin afirmou que relatos de que a Estônia estava preparada para receber até 5.000 soldados da Otan mostraram que Moscou estava certa em se preocupar. "São exatamente coisas como essa que provam que temos motivos para nos preocupar e que não somos o motivo da escalada das tensões", disse o porta-voz do governo russo Dmitri Peskov.

Questionado sobre planos de implantar mísseis na Venezuela ou em Cuba, Peskov desconversou. "Estamos falando de Estados soberanos lá [na América Latina], não vamos nos esquecer disso. E no contexto da situação atual, a Rússia está pensando em como garantir sua própria segurança."

Países do Ocidente sinalizaram apoio à Ucrânia. O Reino Unido, por exemplo, afirmou nesta segunda que começou a fornecer armas antitanque a Kiev para ajudá-la a se defender de uma possível invasão.

"Tomamos a decisão de fornecer sistemas leves de armas defensivas antiblindados", disse o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, ao Parlamento. Os primeiros sistemas já foram entregues nesta segunda, e funcionários britânicos darão treinamento aos ucranianos sobre como usar os equipamentos.

Ele não especificou o número ou tipo de armas que estavam sendo enviadas, mas disse: "Elas não são armas estratégicas e não representam uma ameaça para a Rússia. Devem ser usadas em autodefesa".

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, por sua vez, afirmou esperar que as tensões com a Rússia possam ser resolvidas por meio da diplomacia, mas alertou que Moscou sofrerá com as consequências se atacar a Ucrânia. "Cada ato agressivo terá um alto preço para a Rússia, econômica, estratégica e politicamente", disse Baerbock em Kiev, antes de ir a Moscou.

Ex-presidente ucraniano enfrenta acusação de traição

Em meio às tensões, o ex-presidente ucraniano Petro Porochenko aterrissou no país nesta segunda-feira, viajando de Varsóvia, para uma audiência em um julgamento por traição —caso que ele diz ter sido forjado por aliados de seu sucessor, Volodimir Zelenski. Já na chegada ao país houve impasse, com Porochenko acusando oficiais de fronteira de recolherem seu passaporte. Depois, ele cumprimentou milhares de apoiadores que o esperavam do lado de fora do aeroporto.

O ex-presidente da Ucrânia Petro Porochenko cumprimenta apoiadores na saída de tribunal em Kiev
O ex-presidente da Ucrânia Petro Porochenko cumprimenta apoiadores na saída de tribunal em Kiev - Genya Savilov/AFP

A investigação por traição remonta a acusações de financiamento de combatentes separatistas apoiados pela Rússia, por meio de supostas vendas ilegais de carvão em 2014 e 2015. Ele pode pegar 15 anos de prisão se for condenado. Seu partido acusou Zelenski de tentar silenciar a oposição.

O governo diz que os promotores e o Judiciário são independentes e acusa Porochenko de pensar que ele está acima da lei. "As autoridades estão confusas, fracas e, em vez de lutar contra Putin, estão tentando lutar contra nós", disse ele já no tribunal, em Kiev. O tribunal acabou adiando a decisão sobre a prisão do ex-presidente após a sessão, que durou quase 12 horas. A audiência recomeçará na próxima quarta (19).

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