Descrição de chapéu China Coronavírus

Xi Jinping pede mais esforço e unidade na combate à Covid-19 na China

Em meio a hospitais lotados, regime diz que apenas uma pessoa morreu com a doença na sexta

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Pequim | Reuters

O dirigente da China, Xi Jinping, pediu neste sábado (31) mais esforço e unidade do país à medida que, segundo ele, a nação asiática entra em uma nova fase de combate à pandemia de Covid-19. Foi o primeiro comentário público do líder dirigido à população desde a flexibilização maior da política de Covid zero e a primeira fala depois de países começarem a decretar restrições a turistas chineses.

Em um discurso televisionado para celebrar o fim de 2022, Xi disse que a China superou dificuldades e desafios sem precedentes na batalha contra a doença e que suas políticas foram otimizadas quando a situação assim o exigiu. "Desde o início da epidemia, a maioria dos quadros, especialmente o pessoal médico e trabalhadores de base, perseverou corajosamente, apesar das dificuldades", afirmou.

Líder da China, Xi Jinping, em discurso de Ano-Novo, em Pequim
Líder da China, Xi Jinping, em discurso de Ano-Novo, em Pequim - Ju Peng/Xinhua

"Agora, a prevenção e o controle da epidemia estão entrando em uma nova fase; ainda é um momento de luta, todos estão perseverando e trabalhando duro, e o amanhecer está próximo. Vamos trabalhar mais, persistência significa vitória e unidade significa vitória."

No início deste mês, Pequim flexibilizou sua rigorosa política de Covid zero, que se baseava em testes em massa, rastreamento de infectados e lockdowns de cidades com milhões de pessoas. O desmantelamento, iniciado aos poucos, ganhou força depois que protestos contra o rigor das políticas do regime foram registrados em diferentes partes.

A mudança de um extremo a outro, porém, desencadeou um surto de infecções em todo o país. O jornal The New York Times, por exemplo, mostrou hospitais de Pequim lotados e pacientes sendo atendidos nos corredores.

Médicos afirmam que os hospitais estão sobrecarregados, com até seis vezes mais pacientes do que o normal —a maioria dos quais idosos. Profissionais de saúde da capital chinesa disseram que estavam sendo obrigados a trabalhar mesmo infectados com o vírus.

Segundo o regime, a situação é bem melhor do que a divulgada pela mídia ocidental. Nesta sexta (30), as autoridades do país anunciaram apenas uma nova morte por Covid, assim como no dia anterior.

A confiabilidade dos números, porém, é baixa, já que Pequim cancelou a realização de testes em massa e alterou critérios para contabilizar o número de mortos pelo vírus, gerando um verdadeiro apagão de dados.

A empresa de dados de saúde Airfinity, com sede no Reino Unido, por exemplo, informou na quinta (29) que cerca de 9.000 pessoas morrem todos os dias na China devido a complicações da doença. Segundo a companhia, o país asiático registrou cerca de 100 mil mortes por Covid desde 1º de dezembro, além de 18,6 milhões de infecções.

Paralelamente, Zang Wenhong, diretor do Centro Nacional de Doenças Infecciosas, disse neste sábado ao Diário do Povo, principal jornal do Partido Comunista, que Xangai atingiu um pico de infecções em 22 de dezembro, ciando cerca de 10 milhões de casos na cidade hoje. Segundo ele, esses números indicam que, ao menos na região, cerca de 50 mil pessoas precisarão ser hospitalizadas nas próximas semanas.

É justamente a incongruência entre dados oficiais, declarações e cenas da vida real que geram desconfiança na comunidade internacional. Nesta semana, países europeus e asiáticos anunciaram restrições a viajantes que chegam aos seus aeroportos vindos da China. França, Itália, Reino Unido e Japão, por exemplo, temem a entrada de novas variantes do vírus.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, classificou esse tipo de controle de compreensível, porque servirá para proteger a população diante do que chamou de falta de informações da China sobre a evolução da doença.

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