O funeral do papa emérito Bento 16, morto no sábado (31), aos 95 anos, terá protocolos semelhantes aos de um papa que permaneceu no cargo até a morte, anunciou nesta terça (3) o Vaticano. A cerimônia, que será presidida por Francisco, tem início marcado para as 9h30 (5h30 em Brasília) desta quinta (5).
O alemão Joseph Ratzinger foi o primeiro papa a renunciar em quase seis séculos, o que levantou questionamentos sobre quais rituais e procedimentos deveriam ser adotados em caso de morte de um papa emérito. Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, esclareceu que apenas pequenas modificações serão feitas no evento de quinta-feira em relação ao funeral de João Paulo 2º, morto em 2005.
O corpo será colocado em um caixão de cipreste, que será retirado da Basílica de São Pedro, local em que é realizado o velório, e levado à praça de mesmo nome.
Seguindo os costumes de um funeral papal, serão colocadas no caixão moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado de Bento 16, um cilindro de chumbo contendo um texto em latim que descreve os feitos do alemão, além do pálio, faixa de lã branca tradicionalmente usada por um papa sobre os ombros.
Depois, também como manda a tradição, o caixão será envolto em outros dois: um intermediário, de zinco e adornado com uma cruz, e um externo, feito de nogueira e fechado com pregos de ouro.
Atendendo a um desejo manifestado em vida por Bento 16, ele será enterrado na mesma cripta onde o corpo de João Paulo 2º ficou até 2011, quando, já beatificado, foi levado a uma outra capela.
Algumas autoridades são aguardadas para o funeral, como Frank-Walter Steinmeier, presidente da Alemanha —terra natal do religioso. Assim como na véspera, milhares de pessoas enfrentaram longas filas para homenagear o papa emérito nesta terça. O premiê da Hungria, Viktor Orbán, esteve entre as cerca de 70 mil pessoas que prestaram homenagens na Basílica de São Pedro, no segundo dia do velório.
Aproximadamente 65 mil fiéis já tinham passado pelo local na segunda, segundo a polícia do Vaticano. A fila foi organizada na praça São Pedro, onde foi montado um controle com detectores de metal.
O volume é bastante inferior ao público das cerimônias de despedida de João Paulo 2º, quando mais de 3 milhões de pessoas marcaram presença nos cinco dias de velório e funeral. Por outro lado, ultrapassou as expectativas das autoridades locais —órgãos de segurança da capital italiana estimavam que 35 mil pessoas passariam por dia pela basílica.
"É uma homenagem apropriada, muito emocionante e comovente. Eu vim ontem, mas tinha coisas para dizer a ele hoje também", disse Loredana Corrao, que mora em Roma, à agência de notícias Reuters "Tenho certeza de que uma parte importante da história da igreja se encerrou. Agora, temos que seguir sem ele."
Francisco tem realizado sua rotina de trabalho normal desde que Bento 16 morreu. Nesta terça, o pontífice participou de uma série de reuniões e nesta quarta (4) deve realizar sua audiência geral semanal.
Bento 16 ficará marcado pela decisão surpreendente, em 11 de fevereiro de 2013, de renunciar ao papado. Desde Gregório 12, em 1415, um pontífice não deixava por conta própria a chefia da Igreja Católica.
Jornais italianos disseram, à época, que ele estava enojado com escândalos sexuais e financeiros na alta hierarquia do Vaticano. Mas a versão acabou não se confirmando, o que favoreceu a tese de que ele, enfermo e três encíclicas depois, estava debilitado pela rotina de quase oito anos de pontificado.
Bento 16 morreu às 9h34 (5h34 pelo horário de Brasília) de sábado, segundo a Igreja Católica. No último dia 28, o papa Francisco havia pedido orações, dizendo que o antecessor estava muito doente.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.