Lula encontra Bernie Sanders e democratas antes de reunião com Biden

Grupo de três bolsonaristas protesta contra presidente em Washington, chamando-o de ladrão

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou na manhã desta sexta-feira (10) com o senador americano Bernie Sanders na residência onde está hospedado em Washington.

Um dos principais líderes da esquerda nos EUA, Bernie se envolveu na eleição brasileira e capitaneou ações de parlamentares americanos por respeito à democracia no Brasil. Ele aprovou no Senado, no fim de 2022, uma resolução que obrigaria a Casa Branca a romper relações em caso de golpe de Estado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado do senador americano Bernie Sanders, em Washington
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado do senador americano Bernie Sanders, em Washington - Ricardo Stuckert/Divulgação

De acordo com Bernie a jornalistas, Lula defendeu na conversa "a necessidade de fortalecer os fundamentos democráticos no Brasil, nos EUA e em todo o mundo, porque há uma ameaça massiva de extremistas da direita que tentam minar a democracia".

O senador também afirmou que é preciso que as "economias da América Latina e dos EUA trabalhem para os trabalhadores, não apenas para bilionários do 1% [mais rico]". "Outra coisa muito importante é o clima; o futuro da Amazônia vai determinar se vamos conseguir salvar o planeta ou não. E os EUA têm de fazer tudo o que puderem para acabar com o desmatamento e proteger a Amazônia."

Depois do encontro, Lula recebeu membros do Partido Democrata, também na Blair House, residência em frente à Casa Branca que o governo dos EUA cede a líderes estrangeiros. A lista de deputados inclui Alexandra Ocasio-Cortez, Pramila Jayapal, Sheila Jackson Lee, Brad Sherman e Ro Khanna.

AOC, como Ocasio Cortez é conhecida, afirmou que o brasileiro "é uma inspiração". A democrata disse que há muitos brasileiros em seu distrito em Nova York e que conhecia programas sociais criados em governos petistas, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, ambos citados em português.

Enquanto o petista recebia os representantes americanos, um grupo de três pessoas apareceu próximo à casa para protestar contra ele, chamando-o de ladrão. Outros apoiadores gritaram a favor de Lula.

O bolsonarista Alessandro Lúcio Boneares, ligado ao grupo de imigrantes Yes Brasil, dirigiu três horas do estado de Nova York até Washington para protestar contra o presidente. Com um megafone, ele gritava "Lula ladrão, seu lugar é na prisão", acompanhado de duas outras pessoas com cartazes contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e dizendo que a eleição brasileira havia sido roubada.

Boneares, que disse trabalhar com construção civil, fazia uma live que chegou a ter 2.000 espectadores.

Os bolsonaristas e três manifestantes do grupo Defend Democracy in Brazil, anti-Bolsonaro, discutiram. Myriam Marques e outras duas mulheres levavam cartazes em defesa dos ianomâmis e da democracia.

Uma das razões para Lula ter se hospedado na Blair House, não em um hotel, era evitar protestos. O local é cercado quando há autoridades estrangeiras, e a segurança é feita pelo Serviço Secreto americano.

O grupo de parlamentares recebido por Lula está fortemente envolvido com o Brasil desde a eleição de outubro e as ameaças golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A movimentação cresceu ainda mais em janeiro, após os ataques golpistas aos três Poderes enquanto Bolsonaro está nos EUA.

O ex-presidente está na Flórida desde 30 de dezembro e não disse quando voltará ao Brasil, ao mesmo tempo em que pleiteia um visto de turismo que lhe daria o direito de ficar no país por seis meses. Ele ainda levanta suspeitas sem fundamento sobre a eleição brasileira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o senador americano Bernie Sanders ao lado de membros da comitiva brasileira em viagem aos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o senador americano Bernie Sanders ao lado de membros da comitiva brasileira em viagem aos EUA - Ricardo Stuckert/Divulgação

Na quarta (8), três deputados democratas —David Cicilline, Gregory Meeks e Joaquin Castro— propuseram uma resolução na Câmara condenando os ataques de 8 de Janeiro e pedindo que autoridades cooperem para responsabilizar pessoas vinculadas a eles que estiverem nos EUA.

Uma semana antes, o Senado aprovou resolução semelhante do democrata Bob Menendez, presidente do Comitê de Relações Exteriores, que pedia ao Departamento de Justiça a responsabilização de "quaisquer atores baseados na Flórida que possam ter financiado ou apoiado crimes violentos" em Brasília.

A pressão parlamentar por respeito à democracia no Brasil tem sido constante. Em 11 de janeiro, três dias após os ataques aos três Poderes, um grupo de congressistas acionou o presidente americano, Joe Biden, e pediu uma investigação do FBI, a polícia federal americana.

Lula vai receber representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), maior federação sindical dos EUA. Ativa politicamente, a AFL-CIO teve papel ativo na contenção das manifestações golpistas nos EUA após os ataques de 6 de Janeiro, quando apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o Congresso contra a confirmação da vitória de Biden.

Depois, Lula vai à Casa Branca para se encontrar com Biden. Eles conversarão reservadamente antes de uma reunião ampliada em que estarão, do lado brasileiro, entre outros, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além do assessor especial Celso Amorim e do secretário Márcio Elias Rosa.

Do lado americano estarão o secretário de Estado, Antony Blinken; a do Tesouro, Janet Yellen; o enviado especial para o clima, John Kerry; e o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Pela manhã, Lula deu entrevista de cerca de meia hora para a jornalista britânico-iraniana Christiane Amanpour, da CNN.

Representantes de grupos de esquerda se organizaram para manifestar apoio ao petista na tarde desta sexta, antes que ele vá para a Casa Branca. Os ativistas representam diferentes grupos, desde brasileiros do Defend Democracy in Brazil até americanos do Partido para o Socialismo e Libertação. Também vão ao local membros da organização Codepink e da coalizão Act Now to Stop War and End Racism (Answer).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.