Fritura de Boris segue 8 meses após conservador renunciar no Reino Unido

Comitê do Parlamento investiga se ex-primeiro-ministro mentiu sobre festas realizadas no auge da pandemia

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Belo Horizonte

Para além de ter renunciado, há oito meses, ao cargo de premiê do Reino Unido após pressões relacionadas ao escândalo "partygate" –sobre as festas realizadas durante as restrições da pandemia de Covid–, Boris Johnson pode ainda ser formalmente repreendido por ter mentido ao Parlamento britânico.

Nesta quarta-feira (22), o ex-premiê participou de uma audiência com parlamentares que investigam se Boris enganou de forma intencional a Câmara dos Comuns. À época, ele disse que nenhuma regra sanitária havia sido quebrada nas reuniões do partido.

O ex-premiê do Reino Unido Boris Johnson deixa sua casa em Londres
O ex-premiê do Reino Unido Boris Johnson deixa sua casa em Londres - Justin Tallis/AFP

"Estou aqui para dizer a vocês, de coração, que não menti para a Câmara", disse Boris numa sessão que durou 3h30, na qual afirmou repetidamente que as festas e reuniões promovidas, regadas a álcool e com pouco distanciamento social, eram "necessárias" para o trabalho.

"Quando essas declarações foram feitas, foram feitas de boa-fé e com base no que eu sabia e acreditava honestamente na época", seguiu. Boris chegou a acusar o comitê que investiga o caso de ser parcial.

O ex-premiê, que renunciou em julho passado, pode ser suspenso caso o comitê considere que ele enganou deliberadamente os parlamentares. E suspensões superiores a dez dias podem levar a uma votação que encerraria o seu mandato como membro do Parlamento, cargo que ocupa desde 2015.

A presidente do comitê, a trabalhista Harriet Harman, disse considerar frágeis as garantias que recebeu de que os eventos ocorriam dentro das regras sanitárias. Na sessão, ela informou que consideraria as novas evidências fornecidas por Boris. Espera-se que uma decisão seja tomada até o fim do ano.

Entre 2020 e 2021, Boris Johnson compareceu a diversas festas em Downing Street, a sede do governo britânico, junto a figuras importantes de sua gestão, enquanto a maioria dos britânicos era obrigada a ficar em casa para conter o coronavírus.

Em junho de 2020, ele foi multado pela polícia após ir a um evento para comemorar o seu aniversário, tornando-se o primeiro premiê acusado de violar a lei durante o mandato.

A pressão política e popular e as alegações de que um parlamentar conservador, bêbado, apalpou dois homens durante uma das festas levaram à renúncia de grande parte dos ministros e funcionários do então governo, incluindo o atual premiê, Rishi Sunak, que era chefe de Finanças.

"Acho que o que aconteceu basicamente foi que, em algumas noites, os eventos simplesmente duraram muito e não posso me desculpar o suficiente por isso", disse Boris.

Quando questionado sobre as fotos em que aparece conversando com colegas que bebiam, disse que sua presença era necessária para agradecer pelo trabalho árduo de sua equipe. "As pessoas que dizem que estávamos festejando no confinamento simplesmente não sabem do que estão falando."

Até aqui, mais de 209 mil pessoas morreram em decorrência da Covid-19 no Reino Unido, segundo monitoramento da plataforma Our World in Data. Boris renunciou ao cargo de premiê quando o país alcançava a marca de cerca de 175 mil mortes.

O ano de 2022 foi um período de intensa instabilidade política na nação, que teve uma sequência de três primeiros-ministros em menos de quatro meses e assistiu à morte da rainha Elizabeth 2ª, aos 96 anos.

O país ainda enfrenta uma série de paralisações trabalhistas em diferentes categorias, que reivindicam reajustes salariais acima do teto da inflação, que chegou a 11,1% em outubro passado.

Com Reuters

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