Irã registra novos envenenamentos de alunas; presidente cobra 'destruição do inimigo'

Vice-ministro da Saúde disse, na semana passada, que autores visam interromper educação para meninas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Teerã | AFP

Autoridades do Irã detectaram novos casos de envenenamento de alunas do país, informou neste sábado (4) a imprensa local. Nos últimos meses, centenas de estudantes de instituições de ensino femininas foram envenenadas. Os autores do crime ainda não são conhecidos, mas segundo o regime, eles visam interromper a educação para meninas.

As agências de notícias Tasnim e Mehr, ligadas ao governo iraniano, informaram que dezenas de meninas foram transferidas para hospitais nas províncias de Hamedan (oeste), Zanján e Azerbaijão Oriental (noroeste), Fars (sul) e Alborz (norte). O estado de saúde delas, apesar dos problemas respiratórios, tonturas ou dores de cabeça, não é grave.

Mulheres caminham em um parque em Teerã, capital do Irã
Mulheres caminham em um parque em Teerã, capital do Irã - 27.set.22/AFP

Nos últimos três meses, centenas de casos de envenenamento por gás foram registrados em várias escolas, principalmente na cidade sagrada de Qom, ao sul de Teerã. Algumas das vítimas também precisaram ser transferidas para hospitais.

O último episódio aconteceu na quarta (1º), quando ao menos 10 escolas femininas foram alvo de ataques de envenenamento; sete na cidade de Ardabil, no noroeste do país, e três na capital, Teerã, segundo a mídia local.

O misterioso episódio provocou mobilizações de pais preocupados com suas filhas; eles pedem providências às autoridades. No último dia 14, por exemplo, vários deles manifestaram em frente ao prédio da administração de Qom para exigir explicações.

Na sexta (3), o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ordenou aos ministérios do Interior e da Inteligência que "destruam a conspiração do inimigo que busca criar medo e desespero entre a população". Apesar das acusações, ele não deu nenhuma indicação sobre a identidade do eventual inimigo.

Na mesma linha, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, disse que uma investigação sobre os envenenamentos era "uma das prioridades imediatas do governo, para aliviar as preocupações das famílias e responsabilizar os perpetradores".

Na semana passada, o vice-ministro da Saúde do Irã, Younes Panahi, alegou que "algumas pessoas" estavam tentando "fechar todas as escolas, especialmente as de meninas". Esta versão, porém, não foi corroborada por outras autoridades do país.

Ainda neste sábado, as autoridades iranianas criticaram o apelo lançado um dia antes pela diplomacia alemã para esclarecer todos os casos e chamou o comunicado da nação europeia de ingerência nos assuntos do país.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também pediu uma "investigação transparente" e acrescentou que as conclusões sobre o episódio precisam ser divulgadas.

Os envenenamentos ocorrem há mais de cinco meses do início dos protestos em todo o país após a morte de Mahsa Amini. A jovem curda de 22 anos morreu após ser detida pela polícia moral por supostamente violar as normas de vestimenta do regime. Autoridades dizem que ela tinha problemas de saúde preexistentes, o que teria provocado o óbito, mas a família sustenta que ela foi agredida na prisão.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.