Netanyahu demite ministro da Defesa de Israel crítico à controversa reforma judicial

Yoav Gallant, correligionário do premiê, havia alertado para risco à segurança nacional caso medida avançasse no Parlamento

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São Paulo

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou neste domingo (26) a demissão de seu ministro da Defesa, Yoav Gallant. A ação é uma resposta à postura crítica de Gallant em relação à controversa reforma judicial debatida no Knesset, o Parlamento.

Em aguardado pronunciamento na noite deste sábado (25), o chefe da Defesa pediu que a tramitação do projeto capitaneado pela coalizão mais à direita a governar Israel fosse paralisada para que houvesse diálogo com setores contrários ao conteúdo.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, deixa Downing Street, sede do governo do Reino Unido, durante visita a Londres
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, deixa Downing Street, sede do governo do Reino Unido, durante visita a Londres - Toby Melville - 24.mar.23/Reuters

Como justificativa, Gallant disse que havia risco à segurança nacional —setores voluntários do Exército, afinal, afirmaram que poderiam cruzar os braços caso a matéria avançasse no Legislativo.

Em resposta à demissão, o agora ex-ministro escreveu no Twitter que a segurança do Estado de Israel sempre foi e sempre será a missão de sua vida. De acordo com o jornal local Times of Israel, o premiê e Gallant não se falam desde quinta (23).

Por óbvio, a demissão do ministro foi criticada pela oposição. O ex-premiê Yair Lapid, no Twitter, disse que a medida é mais um ponto baixo que apenas mostra como o governo de Bibi, forma como o primeiro-ministro é conhecido, é um perigo para o país.

"Netanyahu pode demitir Gallant, mas não pode apagar a realidade e não pode demitir o povo de Israel, que está enfrentando a insanidade dessa coalizão", escreveu o líder da oposição israelense.

Após o anúncio da demissão, milhares foram às ruas para protestar e bloquearam a principal rodovia da capital Tel Aviv. Parte dos manifestantes se concentra em frente à casa de Netanyahu, em Jerusalém. Protestos também são registrados nas cidades de Beersheba e Haifa.

Ainda neste domingo, Asaf Zamir, cônsul-geral de Israel em Nova York, renunciou ao cargo, dizendo não poder mais servir ao governo de Netanyahu. "Acredito que é meu dever garantir que Israel continue sendo um farol de democracia e liberdade no mundo", disse em carta.

Fatiada em vários pontos, a reforma do governo de Netanyahu é apontada por opositores e especialistas como um instrumento que corrói a democracia à medida que mina a independência do Judiciário israelense.

Mas Bibi, mesmo que pressionado domesticamente por uma série de protestos em massa e diplomaticamente pelos EUA de Joe Biden, segue defendendo a polêmica medida.

Washington, aliás, manifestou-se sobre a demissão do chefe da Defesa. Adrienne Watson, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, disse em comunicado que os EUA pedem que líderes de Israel encontrem, o mais rápido possível, um consenso para aliviar a crise social.

Em um aguardado discurso na última quinta (23), quando cogitou-se, ainda que de forma frágil, que Bibi poderia recuar, o premiê disse que quer os principais pontos da reforma aprovados nos próximos dias.

Protesto em Tel Aviv após o premiê Benjamin Netanyahu ter demitido ministro da Defesa crítico à reforma judicial - Nir Elias -26.mar.23/Reuters

O pacote de leis apresentado pelo governo se baseia em basicamente dois pilares: modificar a forma como a nomeação de juízes e assessores jurídicos se dá no país, de modo que a coalizão governista tenha prevalência sobre as indicações, e frear a interferência da Suprema Corte sobre as legislações aprovadas no Parlamento.

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