Descrição de chapéu The New York Times

Orca Lolita será libertada no Oceano Pacífico após mais de 50 anos em cativeiro

Seaquarium de Miami concordou em devolvê-la ao mar após décadas de protesto pelos direitos dos animais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Johnny Diaz
The New York Times

A orca Lolita, que entreteve gerações de visitantes com saltos colossais e quedas estabanadas que salpicaram água sobre multidões no Seaquarium de Miami, retornará às suas águas nativas depois de mais de 50 anos em cativeiro. A confirmação veio do proprietário do aquário de vida marinha e das autoridades do condado de Miami-Dade, na Flórida.

O plano de libertar a orca –também conhecida como Tokitae– é resultado de um "acordo vinculativo" entre a The Dolphin Company, que opera o Seaquarium, o condado de Miami-Dade e defensores dos direitos dos animais, disse a empresa. A mudança ocorre após anos de protestos contra o fato de se manter um animal oceânico em um tanque pequeno.

a foto mostra uma orca dentro de um aquário, característica por sua pele preta e branca
A orca Lolita está no Miami Seaquarium desde 1970, e se tornou, ao longo do tempo, numa das principais atrações turísticas do local - Andrew Innerarity - 21.jan.15/Reuters

"O mais importante é o bem-estar em longo prazo de Tokitae e, juntos, guiados por especialistas, continuaremos a fazer o que for melhor para ela", disse a prefeita do condado, Daniella Levine Cava.

Levine Cava disse que sua administração, que supervisionou a transferência da propriedade do Seaquarium para a The Dolphin Company no ano passado, vê a saúde da baleia como prioridade.

Eduardo Albor, executivo-chefe da The Dolphin Company, disse: "Este é um dia muito especial" e acrescentou: "Isto vai além de Lolita. Ela vai se tornar um símbolo".

Na entrevista coletiva, Jim Irsay, filantropo e proprietário do time Indianapolis Colts, da National Football League (NFL), disse que tudo se trata de ajudar a orca: "Eu sei que Lolita quer chegar a águas livres".

Irsay disse que ajudaria a pagar a mudança de Lolita, cujo custo pode chegar a oito dígitos e pode exigir o uso de um avião 747 ou um avião militar C-17.

Ele afirma que a realocação também pode envolver a construção de um santuário com redes no Oceano Pacífico, na costa noroeste dos Estados Unidos, o transporte de Lolita e dois golfinhos que lhe fazem companhia, e a contratação de treinadores para ajudar a baleia a se adaptar ao mar aberto.

Irsay acrescentou que o plano "não é um compromisso de curto prazo. É um compromisso de longo alcance". Lolita precisa "aprender a pescar de novo", disse Irsay. "Ela não sabe mais fazer isso. Está em cativeiro há muito tempo."

Não ficou imediatamente claro na quinta-feira (30) se haveria necessidade de aprovação do governo federal para transferir Lolita para o oceano, e nenhum outro detalhe sobre a logística da mudança foi mencionado. A Dolphin Company disse que a realocação pode ocorrer nos próximos 18 a 24 meses.

Lolita está no Miami Seaquarium em Virginia Key (Flórida) desde 1970, depois que ela foi separada de seu grupo e capturada no noroeste do Pacífico.

Desde sua chegada, Lolita tornou-se uma atração turística, criando um evento típico do parque marinho que dava aos visitantes uma oportunidade única de estar tão perto de uma impressionante criatura do oceano e sentir a força de seus saltos –que faziam chover água sobre as pessoas nas arquibancadas.

Mas seu show também se tornou controverso entre os moradores e defensores dos direitos dos animais fora da área de Miami, que fazem campanha há décadas por sua soltura na natureza. "Libertem Lolita" tornou-se um slogan no sul da Flórida e além.

A organização de defesa dos direitos dos animais Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta, na sigla em inglês) aprovou a notícia da possível libertação de Lolita na quinta-feira (30).

"A Peta e pessoas boas em todos os lugares exigem sua liberdade do #MiamiSeaquarium há anos!", disse a organização no Twitter.

O Seaquarium disse que a baleia, que havia parado de se apresentar no ano passado devido ao declínio de sua saúde, tem 57 anos, cerca de 6 metros de comprimento e 3.150 quilos. Ela permanece em seu tanque de 24 metros de comprimento por 10,5 metros de largura, mas não está mais em exibição.

As orcas são os maiores membros da família dos golfinhos, e elas nadam pelos oceanos do mundo, alimentando-se principalmente de salmão.

As chamadas "baleias assassinas" são conhecidas por permanecer com suas famílias biológicas por toda a vida. As famílias são chefiadas por matriarcas que podem viver de 80 a 90 anos.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.