Erdogan retoma campanha na Turquia com fala anti-LGBTQIA+ após dias de sumiço

Presidente diz que país tem instituição familiar forte e que, por isso, não tem nenhum representante da comunidade

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Istambul | AFP e Reuters

Sem aparecer em público desde o início da semana alegando uma virose gastrointestinal, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, deu uma declaração homofóbica ao retomar sua campanha à reeleição neste sábado (29).

Em comício para milhares de apoiadores em Izmir, cidade 300 quilômetros a oeste de Istambul, disse que a instituição familiar do país é "sólida" e que, por isso, não havia "nenhuma pessoa LGBT nesta nação". A declaração foi reproduzida pelo site local da rede britânica BBC.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discursa a apoiadores em comício em Izmir - Murat Cetinmuhurdar/Assessoria de Imprensa da Presidência da Turquia/via Reuters

Não foi a primeira vez que Erdogan fez críticas a minorias. O presidente acusado de enfraquecer o respeito aos direitos humanos no país tem prometido durante a atual campanha que, se vencer as eleições, defenderá a família tradicional contra "tendências pervertidas de grupos LGBT", algo que, segundo ele, é apoiado pela oposição.

Antes do comício na cidade de Izmir, Erdogan havia comparecido ao Teknofest, evento em que a indústria militar turca apresenta seus drones e aviões, no antigo aeroporto Atatürk de Istambul. Vestindo um traje de piloto vermelho, o presidente exibiu um ar combativo, embora ainda parecesse pálido.

Ele retomou seu tom polêmico de sempre e lançou ataques contra seus adversários, sem mencionar explicitamente seu estado de saúde.

"Com as declarações escandalosas que fizeram nos últimos dias, eles mostram seus ódios e rancores", disse à multidão no Teknofest antes de posar entre mulheres e crianças que o acompanhavam no palco. "Mas não importa o que eles tentem fazer, não conseguirão nada", continuou o líder há 20 anos no poder, acusando a oposição de atuar como agentes do Ocidente empenhados em minar a nação.

Erdogan estava acompanhado do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e do primeiro-ministro da Líbia, Abdel Hamid Dbeibah, dois países para os quais a Turquia fornece drones de combate.

Erdogan em show aéreo em Istambul - Murat Cetinmuhurdar - 29.abr.23/Assessoria de imprensa presidencial via Reuters

Na terça-feira (25), o chefe de Estado de 69 anos havia interrompido uma entrevista ao vivo na televisão alegando problemas de saúde. Em seguida, cancelou todos os seus compromissos presenciais, levantando dúvidas sobre seu estado de saúde apenas duas semanas antes das eleições presidenciais, marcadas para 14 de maio.

Nos últimos dias, o líder populista falou apenas por videoconferência. Também cancelou todas as viagens que havia planejado, incluindo a inauguração de uma ponte e um comício político na cidade de Adana, no sul do país.

Os cancelamentos alimentaram vários boatos na internet sobre o estado de saúde de Erdogan, entre as quais a de que ele teria sido envenenado, e que são desmentidos pelas autoridades.

O pleito a que o presidente concorre promete ser acirrado, e é apontado como seu maior teste desde que chegou ao poder. Erdogan foi bastante criticado pela resposta aos terremotos que atingiram o país e a Síria em fevereiro, com mais de 50 mil mortes, e perdeu popularidade em razão do desastre.

Pesquisa divulgada no começo do mês pelo instituto turco Metropoll apontou Kemal Kilicdaroglu, líder do maior partido de oposição, com ligeira vantagem na disputa. Neste domingo (30), Erdogan deve continuar a campanha em Ancara, a capital.

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