Milhares protestam contra 'faraó' Netanyahu em novos atos em Israel

Manifestantes vão às ruas contra reforma judicial em meio a série de episódios violentos e escalada de tensões

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São Paulo

Milhares de israelenses foram às ruas de Tel Aviv neste sábado (8) para protestar contra a controversa reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

No centro da cidade, multidões seguravam bandeiras de Israel, objetos que se tornaram símbolos dos protestos que tomaram o país nos últimos três meses.

Os manifestantes também seguravam uma enorme bandeira na qual o premiê é retratado como um faraó. A montagem é acompanhada da frase "Let my people go" (deixe meu povo ir), em referência à narrativa bíblica em que Moisés pede ao faraó a libertação dos judeus escravizados no Egito. A libertação dos hebreus também é a raiz do Pessach, a Páscoa judaica comemorada nesta semana.

Manifestantes protestam em Tel Aviv contra a reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu - Ilan Rosenberg - 8.abr.23/Reuters

A reforma proposta pelo governo de Netanyahu é apontada por opositores e especialistas como um instrumento que corrói a democracia à medida que mina a independência do Judiciário israelense. As mudanças foram alvo de críticas até mesmo dentro do governo.

No final de março, o premiê demitiu seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, após ele pedir a suspensão da reforma. A demissão causou uma onda de protestos históricos no país, com trabalhadores de diversas áreas entrando em greve.

A mobilização fez o premiê adiar a tramitação de sua reforma no Parlamento. Trata-se, porém, de um recuo estratégico que apenas muda para o final de abril a votação dos pontos mais polêmicos do projeto.

Em razão disso, israelenses continuam protestando mesmo em meio ao aumento da tensão entre Israel e Palestina. Na quarta (5), a polícia de Israel invadiu a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e entrou em confronto com centenas de palestinos que passavam a noite no local –12 pessoas ficaram feridas.

Na quinta (6), 34 foguetes foram disparados do Líbano em direção ao norte de Israel –o sistema de defesa aéreo israelense conseguiu interceptar 25, e ninguém ficou ferido.

Na sexta (7), um turista italiano foi morto e sete ficaram feridos em Tel Aviv quando um agressor avançou com o carro e também atirou contra as vítimas. O atentado aconteceu horas depois que um ataque com armas de fogo matou duas irmãs britânico-israelenses perto de um assentamento na Cisjordânia.

Já neste sábado, militares israelenses disseram que um alerta de foguete foi disparado perto de uma cidade nas colinas de Golã. As autoridades não deram maiores detalhes, mas a imprensa local informou que três foguetes foram disparados da Síria sem deixar feridos.

Ainda neste sábado, o Ministério da Saúde da Palestina disse que um palestino de 20 anos foi morto a tiros por forças israelenses em Azzaoun, na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967. As circunstâncias em que se deu a morte ainda não estão claras, mas o episódio se soma a uma série de outras mortes ligadas a confrontos na região.

A manifestação deste sábado começou com uma oração pelas vítimas dos ataques do dia anterior, mas os manifestantes disseram que não se deixariam intimidar por preocupações com a segurança.

"Segurança é uma coisa, mas reforma é outra", disse o estudante Amitay Ginsberg, 26. "Ainda vamos vir aqui e dizer em alto e bom som que não vamos deixar passar essa reforma."

A proposta, que daria ao governo controle efetivo sobre a nomeação dos juízes da Suprema Corte e permitiria ao Parlamento anular muitas decisões do tribunal, causaram uma das maiores crises domésticas na história recente de Israel.

O governo, que acusa juízes de usurparem cada vez mais o papel do Parlamento, diz que a reforma é necessária para restaurar um equilíbrio adequado entre o Judiciário e os políticos eleitos. Os críticos dizem, por outro lado, que isso removerá alguns contrapesos vitais que sustentam um Estado democrático, dando poder irrestrito ao governo.

Com Reuters

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