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China recusa pedido dos EUA para encontro entre chefes de Defesa

Pequim diz que Washington precisa 'mostrar sinceridade' e 'criar condições para diálogo' entre superpotências

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Pequim | Reuters

Em nova desavença na Guerra Fria 2.0, a China rejeitou um pedido dos EUA para realizar uma reunião com os chefes de Defesa dos países em um fórum anual de segurança em Singapura, que começa na sexta (2).

Sem apontar um motivo específico para a recusa, o Ministério das Relações Exteriores chinês responsabilizou a Casa Branca pela decisão, alegando que Washington estava "bem ciente" das razões por trás da falta de comunicação militar entre as superpotências. "Os EUA devem corrigir imediatamente suas práticas erradas, mostrar sinceridade e criar as condições necessárias para o diálogo e a comunicação entre as duas Forças Armadas", disse nesta terça (30) Mao Ning, porta-voz da chancelaria chinesa.

O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, participa de reunião com homólogo russo em Moscou
O ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, participa de reunião com homólogo russo em Moscou - Ministério da Defesa da Rússia - 18.abr.23/AFP

Na semana passada, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, e o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, trocaram acusações sobre políticas comerciais numa reunião em Washington que marcou a primeira interação de representantes dos gabinetes em meses.

Os EUA acusam Pequim de desrespeitar a Organização Mundial do Comércio (OMC) com o que chamam de práticas comerciais agressivas, incluindo a utilização de subsídios para favorecer as empresas chinesas em detrimento dos concorrentes externos. A China, por sua vez, diz que Washington tenta frear o crescimento do país com o que descreve como coerções econômicas.

Na área de segurança, a chamada Guerra Fria 2.0 aprofundou a divisão entre Washington e Pequim. As tensões tiveram seu ápice em fevereiro, quando os EUA anunciaram a derrubada de um suposto balão espião chinês que sobrevoou o país. Antes, em janeiro, um documento vazado revelou a avaliação feita por um general americano de que as superpotências devem travar uma guerra em 2025.

Mais recentemente, o maior tema de desavenças tem sido a Guerra da Ucrânia —Washington, principal fornecedor de armas de Kiev, tem acusado Pequim, sem apresentar nenhuma evidência, de planejar o envio de artefatos militares para Moscou, o que o país asiático nega.

Após a recusa chinesa para o encontro em Singapura, o Pentágono divulgou uma nota na qual diz acreditar na comunicação aberta "para garantir que a competição não se transforme em conflito".

Na semana passada, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que o Departamento de Defesa americano discutia a possibilidade de negociações entre o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, e o ministro de Defesa chinês, Li Shangfu. Nomeado chefe da pasta em março, Li foi punido pelos EUA com sanções em 2018 pela compra de aeronaves e equipamentos de combate do principal exportador de armas da Rússia, a Rosoboronexport.

A China é uma das principais aliadas da Rússia e, neste mês, o representante especial do país para Assuntos Eurasiáticos, Li Hui, defendeu em um giro pela Europa que Moscou mantivesse as áreas que anexou ilegalmente na Ucrânia em setembro passado, segundo o americano The Wall Street Journal.

A perspectiva de um encontro em SIngapura estava sendo observada de perto devido às tensões de segurança e disputas comerciais, que impedem uma reaproximação. Austin e Li estarão em Singapura para participar do fórum Diálogo Shangri-la, que ocorrerá no próximo fim de semana.

O evento reunirá autoridades e analistas de defesa e abrigará uma série de reuniões privadas. Espera-se que o chinês e o americano participem de encontros bilaterais com líderes de vários países.

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