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Seca extrema no México expõe igreja do século 16 submersa em represa

Falta de chuvas e altas temperaturas, que já mataram 8 pessoas, expuseram construção histórica no sul do país

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São Paulo

Os turistas que quiserem visitar a basílica do antigo povoado de Quechula, submersa desde 1966 pela construção de uma represa no sul do México, não precisam mais pegar lanchas —ao menos por enquanto.

Pela primeira vez em mais de 20 anos, a construção foi completamente exposta pela queda do nível da barragem, reunindo visitantes nos últimos dias que chegaram à igreja do século 16 de carro.

Vista aérea da igreja de Quechula, que emergiu da represa Malpaso após seca no México
Vista aérea da igreja de Quechula, que emergiu da represa Malpaso após seca no México - Raul Vera/AFP

A revelação é fruto da severa seca e das altas temperaturas, que mataram oito pessoas no país latino-americano na última semana. A represa Malpaso, como é conhecido o empreendimento do estado de Chiapas, é a sétima maior do país e está com apenas 29% da sua capacidade.

"É impressionante ver, depois de tantos anos, que a igreja ainda existe", disse à agência de notícias AFP José Eduardo Zea, que foi ver o templo de 61 metros de altura de moto, acompanhado de um amigo.

"O templo de Santiago de Quechula é um dos maiores monumentos de evangelização em Chiapas", afirmou ao jornal mexicano Milenio o presidente da Associação Civil do Bicentenário de Chiapas, Roberto Ramos Maza. "Eles fizeram muitos esforços para construir templos majestosos, o que nos mostra que, em tempos pré-hispânicos, certamente havia povoados populosos com certa prosperidade."

Segundo a publicação, seis pessoas que viveram no povoado estão vivas. Uma delas, Rosario Hernández, conta que a igreja já estava construída quando seus avós se mudaram para a região. "Quechula era muito bonita, por isso ficamos tristes quando nos mandaram desocupar. Mas o que mais iríamos fazer?"

Apenas o topo da igreja ficou visível após o Estado mexicano represar o rio Grijalva nos anos 1960, inundando o povoado. As secas, porém, foram revelando a construção. Em 2002, pela primeira vez, visitantes conseguiram visitar a pé a igreja. Já em 2009 e em 2015, a seca deixou a construção quase completamente à mostra —mas ainda era necessário uma embarcação para chegar ao local.

O aumento da frequência e da intensidade dos eventos extremos está ligado às mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global, segundo cientistas e órgãos especializados no tema.

No caso da represa Malpaso, a seca tem também um impacto social nas populações que dependem da barragem, como os moradores que trabalham com a criação de tilápias. "Há cinco meses, mais ou menos, a água começou a baixar demais e já passou do normal", contou Darinel Gutiérrez, um pescador da região. "Como vou sustentar minha família? Agora, não tenho nada."

Em outras regiões, como Yucatán e Nuevo León, foram registradas temperaturas acima dos 40° C. Na Cidade do México, cujo clima costuma ser mais ameno, as marcas passaram dos 30° C na última semana.

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