Esquerda fica mais longe do poder na Espanha ao perder assento em contagem final

Apuração dos votos de espanhóis que moram fora do país dificulta reeleição do premiê Pedro Sánchez

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Barcelona | Reuters

Votos de espanhóis que vivem fora do país tiraram do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, uma cadeira no Parlamento que havia sido projetada até então com os resultados da eleição realizada no último domingo (23). Agora, as chances de formar uma coalizão de esquerda com maioria na Casa para manter o candidato socialista no posto ficaram mais difíceis.

Em pleito acirrado, nenhum dos lados, nem a direita nem a esquerda, conseguiu maioria no Parlamento para formar o governo, e, assim, a disputa segue indefinida. A coalizão que conquistar mais da metade das cadeiras —ou 176 delas— vai escolher o próximo premiê. Se nenhum bloco alcançar o número, uma nova votação na Casa será realizada, e o vencedor pode se consagrar com maioria simples.

O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, discursa em reunião com líderes do PSOE
O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, discursa em reunião com líderes do PSOE - Javier Soriano - 25.mai.23/AFP

A apuração dos votos de mais de 233 mil espanhóis expatriados deu ao conservador PP (Partido Popular), de Alberto Feijóo, uma cadeira que havia sido concedida aos socialistas em projeção baseada na contagem inicial. Segundo o cômputo revisado de assentos, a direita conquistou 171 cadeiras do Parlamento, 137 das quais do PP, 33 do ultradireitista Vox e uma da União do Povo Navarro.

Analistas disseram à agência de notícias Reuters que agora o PSOE vai depender do apoio dos partidos independentistas bascos e catalães para triunfar. Antes da contagem dos votos no exterior, a esquerda esperava alcançar 172 assentos, enquanto PP e aliados deveriam chegar a 170. Assim, Sánchez tinha apenas de garantir a abstenção de membros da sigla Junts (Juntos pela Catalunha) para se eleger.

Partidos menores, alçados ao centro da disputa, dizem que não apoiarão a direita por rejeitarem o Vox, que defende políticas nacionalistas. Ao mesmo tempo, não garantiram apoio à coalizão liderada por Sánchez.

Com a nova configuração, é provável que o atual premiê precise de pelo menos um voto dos Junts para vencer. "Isso tornará as coisas mais difíceis para Sánchez porque, se ele precisa de votos, dará ao Junts mais poder para exigir coisas em troca", disse Pablo Simon, analista da Universidade Carlos 3º.

Líderes do Junts impuseram como condições para apoiar Sánchez a realização de um referendo sobre a independência da Catalunha, além da anistia para todos os separatistas que enfrentam acusações relacionadas a uma consulta popular considerada ilegal em 2017. Sánchez não pode entregar o desejado referendo, pois a Constituição em vigor na Espanha determina que plebiscitos em torno da independência de regiões autônomas são ilegais. Assim, a realização da consulta exigiria uma mudança constitucional.

Após a divulgação da apuração dos votos de expatriados, líderes do bloco de direita manifestaram otimismo e reiteraram que Feijóo, o líder do PP, está determinado a negociar para formar maioria.

Após um processo administrativo em agosto, espera-se que o rei Filipe 6º, depois de conversar com os partidos, apresente um nome ao Congresso para votação no Parlamento no início de setembro. Se não for alcançada a maioria absoluta na primeira votação, 48 horas depois haverá novo pleito, com possibilidade de vitória por maioria simples. Os 350 deputados poderão então votar "sim", "não" ou se abster.

O pleito do último domingo marcou a primeira vez na história espanhola recente em que a população votou durante o verão no Hemisfério Norte. Isso ocorreu porque, após o PSOE perder as eleições regionais em maio para o PP, Sánchez antecipou em quase quatro meses o pleito geral, originalmente programado para 10 de novembro. A ideia do PSOE era conter um desgaste maior frente ao crescimento da direita e diminuir a possibilidade de que o PP continuasse crescendo.

O comparecimento às urnas, mesmo com temperaturas acima de 30ºC, chegou a 70%, de um universo de mais de 37 milhões de espanhóis aptos a votar, acima dos 66% das eleições de 2019.

Quase 7% dos eleitores votaram antecipadamente pelos correios.

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