Ex-premiê do Paquistão é preso suspeito de vender presentes recebidos de líderes estrangeiros

Imran Khan é acusado de movimentar milhões em bens de Estado; ele já havia sido detido há três meses em caso de corrupção

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Lahore (Paquistão) | Reuters

A polícia do Paquistão prendeu neste sábado (5) o ex-premiê Imran Khan, suspeito de comprar e vender ilegalmente presentes do Estado que foram recebidos durante visitas ao exterior, incluindo seis relógios da marca Rolex. As transações, segundo a promotoria, movimentaram US$ 490 mil (R$ 2,4 milhões).

Os presentes incluíam relógios dados por uma família real, sendo que o mais caro era fabricado pela marca suíça Graff, avaliado em US$ 300 mil –eles teriam sido vendidos em Dubai por assessores do político. A lista também contém perfumes, talheres e joias com diamantes.

Imran Khan, ex-primeiro-ministro do Paquistão, conversa com jornalistas em sua casa, em Lahore - Rahat Dar -3.ago.23/EFE/EPA

O veredicto considera que Khan fez declarações falsas em relação à aquisição de presentes oficiais do Estado. "Ele foi considerado culpado de práticas corruptas ao ocultar os benefícios que acumulou do tesouro nacional deliberada e intencionalmente", aponta. "Ele trapaceou ao fornecer informações sobre presentes que obteve de Toshakhana [o repositório de presentes do Estado], que mais tarde se mostraram falsas e imprecisas".

Khan, 70, entrou na política após uma longa e famosa carreira no críquete, esporte mais popular do Paquistão. Ele se diz perseguido por militares e que, por isso, é alvo de mais de 150 acusações. Todas teriam sido registradas após o Parlamento do país retirá-lo do cargo, em abril de 2022.

Em um vídeo pré-gravado divulgado por seu partido neste sábado, ele pediu a seus apoiadores que protestassem pacificamente. "No momento em que você ouvir esta declaração, eles vão ter me prendido. Eu só tenho um apelo: não fique sentado em silêncio em casa. Estou lutando por você, pelo país e pelo futuro de seus filhos", afirmou na gravação. O Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), partido de Khan, anunciou que recorreu contra a prisão.

O ex-primeiro-ministro já havia sido preso em maio devido a outro caso –ele e a esposa são também acusados de terem recebido terras no valor de US$ 24,7 milhões de um empreendedor imobiliário acusado de lavagem de dinheiro no Reino Unido. Na ocasião, vários de seus apoiadores saíram às ruas e manifestaram contra a polícia. Houve cenas de violência entre os dois lados, e milhares de assessores, apoiadores e políticos próximos a Khan foram presos.

Já em novembro do ano passado, o ex-premiê foi baleado durante um protesto em que exigia eleições antecipadas. O ato fazia parte de sua "longa marcha" que partiu de Lahore em direção a Islamabad —à medida que o comboio passava por cidades e vilarejos, ele subia em um palanque improvisado em cima de um caminhão para discursar para multidões.

A prisão deste sábado é a mais recente de uma série de situações que enfraqueceram a posição política de Khan, incluindo a fragmentação de seu partido. Especialistas apontam que o veredicto deve favorecer a vitória do atual primeiro-ministro do país, Shehbaz Sharif, nas próximas eleições gerais.

Sharif propôs que o Parlamento seja dissolvido em 9 de agosto, três dias antes do final de seu mandato, segundo fontes políticas, abrindo caminho para uma eleição geral em novembro. Neste sábado, porém, o governo anunciou que o pleito será realizado depois que o novo censo do país ficar pronto, o que pode atrasar o processo eleitoral por vários meses.

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