Putin e Zelenski tentam ganhar guerra enquanto pessoas morrem, diz Lula

Presidente brasileiro já foi criticado por equiparar responsabilidades de Moscou e de Kiev no conflito

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Brasília | Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta (2) que os líderes Vladimir Putin (Rússia) e Volodimir Zelenski (Ucrânia) tentam ganhar a guerra em curso enquanto "pessoas estão morrendo".

"Por enquanto, a gente não tem ouvido nem do Zelenski nem do Putin a ideia de que nós vamos parar [o conflito] e negociar. Por enquanto, os dois estão naquela fase 'eu vou ganhar, eu vou ganhar'. Enquanto isso, as pessoas estão morrendo", disse Lula em entrevista a correspondentes internacionais, em Brasília.

O presidente Lula durante entrevista a correspondentes internacionais em Brasília
O presidente Lula durante entrevista a correspondentes internacionais em Brasília - Evaristo Sá/AFP

O presidente voltou a dizer que o Brasil busca a paz e criticou uma suposta falta de ação do Conselho de Segurança da ONU. "Essa guerra deveria estar sendo discutida no Conselho de Segurança da ONU, mas são os membros permanentes que fazem a guerra. Os Estados Unidos, quando invadiram o Iraque, não perguntaram para ninguém. A Inglaterra e a França, quando invadiram a Líbia, não pediram para ninguém, e agora a Rússia não pediu a ninguém. Eles são membros permanentes e têm direito a veto", afirmou.

Lula disse, no entanto, que o Brasil vai continuar participando das reuniões e de negociações para que se chegue a um acordo de paz, no momento em que os dois lados do conflito estiverem dispostos. "Na hora que as pessoas se cansarem de guerra e quiserem o aconchego para parar a guerra, nós vamos ter um grupo de países dispostos a conversar com eles e apresentar uma solução", disse.

O presidente já falou diversas vezes sobre a Guerra da Ucrânia. Em muitos casos, ele equiparou as responsabilidades de Moscou e de Kiev, apesar de a invasão territorial ter partido da Rússia.

"O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: 'basta'", disse o petista em abril.

Lula tem defendido a proposta da criação de uma espécie de "clube da paz" para o fim do conflito, um balaio que englobaria países como o Brasil, a China e a Indonésia. Segundo ele, as negociações deveriam ser conduzidas por um grupo semelhante ao G20, que reúne as maiores economias do mundo.

A ideia ventilada, porém, não tem encontrado eco no exterior. Havia a expectativa de que o tema fosse abordado quando Lula foi a Pequim e encontrou o líder chinês, Xi Jinping, por exemplo, mas o assunto não ganhou protagonismo na agenda entre os países. Nos primeiros meses deste terceiro mandato, Lula enviou seu assessor para política externa, o ex-chanceler Celso Amorim, a Moscou. No Palácio do Kremlin, o diplomata se reuniu com Putin e alguns assessores do presidente russo para falar sobre o conflito.

Meses depois, pressionado por críticas segundo as quais privilegiava o diálogo com a Rússia em vez de demonstrar apoio à Ucrânia, Lula também enviou Amorim a Kiev, onde o assessor especial esteve com Zelenski e com representantes da chancelaria ucraniana.

Pouco após a viagem, Brasília e Kiev anunciaram o nome do novo embaixador do país no Brasil —Andrii Melnik, até então vice-chanceler ucraniano e representante para Américas, com quem Amorim também se reuniu quando esteve no país, na primeira quinzena de maio.

Após receber críticas por equiparar as responsabilidades da Rússia e da Ucrânia na guerra, Lula disse no último dia 6 que evita tecer comentários sobre o conflito porque tem questões domésticas com as quais se preocupar. "Não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia", disse na ocasião. "A minha guerra é aqui, é contra a fome, contra a pobreza, contra o desemprego."

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