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Caminhão cai em canal, e 13 haitianos morrem afogados na República Dominicana

Em outro acidente envolvendo migrantes, 11 corpos são retirados do mar após naufrágio na Tunísia

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São Paulo

Pelo menos 13 migrantes do Haiti, incluindo um bebê recém-nascido, morreram afogados na noite de domingo (6) após o caminhão que os transportava de forma clandestina cair em um canal de irrigação na província de Valverde, no noroeste da República Dominicana.

Além do bebê, uma criança de quatro anos, nove homens e duas mulheres morreram no acidente. Três pessoas foram encontradas com vida, e as buscas por sobreviventes continuavam nesta segunda-feira (7), segundo a imprensa local. Os migrantes tentavam chegar a Santo Domingo, a capital dominicana.

Famílias abandonam suas casas na capital Porto Príncipe em meio à violência de gangues no Haiti
Famílias abandonam suas casas na capital Porto Príncipe em meio à violência de gangues no Haiti - Richard Pierrin - 3.mar.23/AFP

Os motivos do acidente são incertos, mas as investigações iniciais indicam que o motorista perdeu o controle do veículo. "Até o momento não foi possível apurar a identidade do condutor nem seu estado de saúde, porque ele teria desaparecido do local da tragédia", disse a polícia em comunicado. As autoridades anunciaram uma "investigação profunda" para apurar as causas do acidente e os possíveis culpados.

Mergulhado em crise humanitária, o país caribenho que por mais de dez anos viu as Forças Armadas brasileiras atuarem em seu território assiste hoje ao desmantelamento do Estado, não tem representantes eleitos em cargos de poder e sofre com a violência crescente promovida por gangues.

Apenas em 2022, foram reportadas 2.200 mortes relacionadas à violência na nação de 11,7 milhões de habitantes, e o número de mulheres assassinadas aumentou 75% em relação a 2021. Até abril deste ano, houve 600 assassinatos e 400 sequestros, de acordo com dados do International Crisis Group.

A crise local se agravou após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, morto a tiros em sua casa em julho de 2021. O caso, hoje, é investigado nos EUA, e há poucas respostas além do fato de que a ação contou com a participação de mercenários estrangeiros de países como a Colômbia.

A situação multiplicou o êxodo de haitianos sem documentos para a vizinha República Dominicana, que por sua vez endureceu a política contra migrantes e iniciou a construção de um muro na fronteira. O transporte clandestino, porém, permanece constante: no ano passado, o governo dominicano registrou a entrada de mais de 120 mil migrantes estrangeiros, número majoritariamente composto por haitianos.

Em outra tragédia envolvendo migrantes, mais sete corpos de pessoas que se afogaram em um naufrágio próximo à Tunísia foram retirados do mar nesta segunda. No total, 11 mortes foram confirmadas pelas autoridades locais, e ao menos 44 migrantes continuam desaparecidos. No domingo, uma autoridade disse que o barco afundou próximo à ilha de Kerkennah —as causas do acidente são desconhecidas.

O país do norte da África enfrenta uma onda recorde de migração neste ano, com catástrofes envolvendo embarcações com migrantes que tentam chegar principalmente à costa da Itália. De 1º de janeiro a 20 de julho, a Guarda Costeira tunisiana recuperou 901 corpos de migrantes, um número sem precedentes.

Especialistas afirmam que a Tunísia vem substituindo a Líbia como principal ponto de partida da região para pessoas que fogem da pobreza e dos conflitos na África e no Oriente Médio rumo à Europa.

Com AFP e Reuters

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