Descrição de chapéu The New York Times

EUA apreendem estátua de imperador e apuram onda de saques após denúncia turca

Promotoria de Manhattan investiga possíveis roubos de itens semelhantes da era romana depois de reclamação de Ancara

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Tom Mashberg
The New York Times

Uma estátua que desde 1986 ocupava lugar de destaque nas galerias gregas e romanas do Museu de Arte de Cleveland, nos Estados Unidos, e seria a representação do imperador de Roma Marco Aurélio foi apreendida em agosto em meio a investigações da Promotoria de Manhattan sobre peças saqueadas na Turquia.

Agora fora de exibição, a escultura de bronze sem a cabeça com 1,93 metros de altura deve ser transportada para Nova York, onde os traficantes acusados de terem movimentado peças do tipo atuariam —o que dá a autoridade legal para a unidade responsável pelo tráfico de antiguidades da Promotoria distrital apreender as obras de arte.

Parte de cima da estátua de bronze que seria representação do imperador romano Marco Aurélio, comprada pelo Museu de Arte de Cleveland em 1986 e apreendida pela Promotoria de Manhattan
Parte de cima da estátua de bronze que seria representação do imperador romano Marco Aurélio, comprada pelo Museu de Arte de Cleveland em 1986 e apreendida pela Promotoria de Manhattan - Museu de Arte de Cleveland/Reprodução

Autoridades turcas dizem que informaram o museu de Cleveland de que a estátua foi roubada na década de 1960, durante uma onda de saques em um sítio arqueológico em Bubon, no sudoeste da Turquia. Segundo Ancara, o museu rejeitou as reivindicações, alegando que a Turquia não teria provas do roubo.

Zeynep Boz, chefe do Departamento de Combate ao Tráfico Ilícito do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia, afirmou em comunicado que "a disputa duradoura em torno desse assunto manteve Marco Aurélio separado de sua cidade natal por tempo demais".

Já o museu de Cleveland diz que sua política não é discutir publicamente "se uma reivindicação foi feita", mas que "leva questões relativas à procedência das obras muito a sério e revisa cuidadosamente as reivindicações de objetos da coleção".

A Promotoria estima que a obra tem cerca de 1.800 anos e é avaliada em US$ 20 milhões (cerca de R$ 98 milhões).

No último ano, como parte de sua investigação sobre as reivindicações turcas, a unidade de antiguidades da Procuradoria de Manhattan apreendeu artefatos no Museu Metropolitan, no Museu de Arte Grega, Etrusca e Romana da Universidade de Fordham e no Museu de Arte de Worcester, em Massachusetts.

Entre as obras apreendidas estão estátuas de pedra e bronze que remontam a uma época em que o território hoje correspondente à Turquia fazia parte do Império Romano.

A reivindicação da Turquia sobre a estátua de Marco Aurélio no museu de Cleveland dependia em parte de persuadir os investigadores de que a estátua de fato retratava o imperador: o pedestal de pedra onde Ancara diz que a peça estava tem inscrições com o nome do personagem histórico.

O site do museu de Cleveland até recentemente descrevia a estátua como "O Imperador como Filósofo, provavelmente Marco Aurélio (reinou de 161 a 180 d.C)", acrescentando que o item havia se originado da "Turquia, Bubon (?) (na Lícia), Romano, final do século 2". Eles também escreveram em uma descrição que acompanha a estátua que ela "provavelmente representa Marco Aurélio, o imperador romano conhecido por seu filo-helenismo e escritos estoicos".

Mas, há algumas semanas, o museu removeu as referências anteriores à Turquia e ao imperador e alterou a descrição no site para "Figura masculina vestida, 150 a.C. a 200 d.C.", acrescentando: "Romano ou possivelmente grego helenístico". Também alterou a linguagem da descrição que acompanha a obra para "sem cabeça, inscrição ou outros atributos, a identidade da figura permanece desconhecida".

Questionado sobre as mudanças, um porta-voz do museu afirmou apenas que outras informações, como uma lista mostrando os locais onde a estátua havia sido exibida anteriormente, permaneceram as mesmas.

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