Filho de Biden processa Receita dos EUA em meio a artilharia republicana

Hunter é alvo da oposição em processo de impeachment contra presidente e também se tornou réu em caso criminal

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Boa Vista

Hunter Biden, filho do presidente do Estados Unidos, Joe Biden, processou o Serviço de Receita Interna (IRS na sigla em inglês, equivalente à Receita Federal brasileira) nesta segunda-feira (18). Ele acusa integrantes do órgão de ilegalmente tornarem públicas informações sobre suas declarações financeiras.

Os negócios de Hunter Biden são objeto de acusações ao menos desde as vésperas da eleição de 2020 por republicanos e estão há meses sob escrutínio do Congresso. Acusações relativas a Hunter motivaram a abertura de processo de impeachment contra o presidente feita pelo líder da Câmara americana, o republicano Kevin McCarthy, no último dia 12.

Hunter Biden, filho do presidente americano, Joe Biden, em Fort McNair, Washington D.C., em julho
Hunter Biden, filho do presidente americano, Joe Biden, em Fort McNair, Washington D.C., em julho - Saul Loeb - 4.jul.23/AFP

A ação desta segunda-feira se refere a "mais de 20 entrevistas transmitidas nacionalmente e não autorizadas pelo Congresso e inúmeras declarações públicas" feitas por Gary Shapley, Joseph Ziegler e seus advogados sobre o filho do presidente. Shapley e Ziegler testemunharam no Congresso como denunciantes de uma suposta interferência política em uma investigação do IRS sobre os impostos de Hunter. O Departamento de Justiça nega qualquer interferência desse tipo.

"[O processo] trata da decisão dos funcionários do IRS, seus representantes e outros de ignorar suas obrigações e divulgar repetidamente e intencionalmente de forma pública as informações protegidas da declaração de imposto de renda do Sr. [Hunter] Biden, fora das exceções de tais divulgações previstas em lei", diz a ação.

Hunter exige US$ 1.000 por cada momento em que foi feita alguma divulgação não autorizada sobre sua declaração de imposto de renda, além de uma declaração do IRS, um plano de segurança de dados da agência, a produção de documentos relacionados aos impostos de Biden, entre outras ações.

O Comitê Judiciário da Câmara, liderado por republicanos, chamou a ação de "intimidação" em publicação nas redes sociais. A Receita Federal não se manifestou até a publicação deste texto.

Hunter está no centro da decisão do presidente da Câmara de abrir impeachment contra Biden. A decisão de abertura do processo ocorreu após a ala mais radical da oposição ameaçar tirar McCarthy do posto —grupo se mostrava insatisfeito com a postura do republicano nas negociações com os democratas para autorizar mais gastos federais e evitar paralisação do governo no final do mês por falta de recursos.

Não há consenso, porém, dentro do Partido Republicano sobre a estratégia adotada para o processo de impeachment aberto. Muitos na oposição temem que, ao cabo, a tentativa de retirada de Biden do cargo o fortaleça politicamente.

Entre as acusações dos republicanos estão supostas declarações distorcidas do presidente sobre negócios de Hunter e participação direta de Biden em conversas e negociações que teriam beneficiado o filho. O comitê na Câmara que investiga o caso não encontrou até aqui evidências a respeito dessas e outras imputações.

Além das apurações no Congresso, Hunter é réu desde o último dia 14 em processo que o acusa de mentir ao comprar uma arma em 2018. De acordo com a acusação, ele não informou que tinha problemas com uso de drogas, como manda a legislação. Essa é a primeira vez que o filho de um presidente no cargo é alvo de uma acusação criminal.

Hunter, 53, ovelha negra da família Biden, com problemas na polícia e na Justiça, é o principal alvo dos republicanos na tentativa de enfraquecer Joe Biden, a quem acusam de usar a estrutura estatal de maneira seletiva contra oponentes políticos —sobretudo após os processos contra o ex-presidente Donald Trump, que lidera com folga as pesquisas para reeditar a disputa eleitoral de 2020 com Biden em 2024.

Com Reuters

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