EUA aumentam pressão sobre Israel para diminuir operações militares em Gaza

Biden volta a falar sobre mortes de civis, e Casa Branca busca viabilizar controle da região pela ANP após o fim da guerra

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Washington

O governo dos Estados Unidos está aumentando a pressão sobre Israel para reduzir a intensidade de suas operações na Faixa de Gaza e, em especial, a morte de civis.

Falando sob condição de anonimato, membros do governo americano disseram que o conselheiro especial de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, que está em visita à região nestas quinta (14) e sexta (15), discutiu com Tel Aviv a transição de operações militares de larga escala para uma estratégia mais cirúrgica, voltada para alvos prioritários, como infraestruturas militares.

Soldados de Israel próximos da fronteira com a Faixa de Gaza
Soldados de Israel próximos da fronteira com a Faixa de Gaza - Jack Guez - 12.dez.23/AFP

Neste primeiro dia de viagem, Sullivan teve encontros com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, entre outras autoridades. Além de discutirem a mudança no escopo da campanha militar, os americanos também abordaram as expectativas para Gaza após o fim do conflito.

O teor das conversas foi confirmado pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Oficiais do governo, no entanto, não confirmam que tenha sido estabelecido um cronograma para essa transição nas operações –relatos na imprensa americana afirmaram que o pedido era que isso ocorresse ainda neste mês.

"Nós não estamos ditando os termos para os israelenses sobre quanto tempo isso pode durar, e isso deve ser o quanto eles acharem ser necessário para que consigam eliminar essa ameaça. Mas, obviamente, todos nós queremos que isso seja o quanto antes possível", afirmou Kirby.

O presidente Joe Biden também falou sobre o assunto durante um discurso em que, originalmente, estava falando sobre os custos de medicamentos. "Quero que eles [Israel] se concentrem em como salvar vidas de civis –não parem de perseguir o Hamas, mas tenham mais cuidado", disse o democrata.

Na terça-feira (12), Biden fez duras críticas a Netanyahu, disse que Israel está perdendo apoio da comunidade internacional em razão do que chamou de "bombardeio indiscriminado" a Gaza e afirmou que Tel Aviv não quer uma solução de dois Estados —uma alternativa que vem perdendo força inclusive entre israelenses e palestinos.

As declarações, feitas durante um evento com doadores de campanha na terça, são uma ruptura com a linha de apoio total que Washington havia adotado desde a eclosão da guerra, em 7 de outubro.

Nesta sexta, Sullivan vai a Ramallah, na Cisjordânia, onde deve se encontrar com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para discutir opções para Gaza pós-guerra.

Os EUA se opõem às intenções ventiladas por Israel de manter o controle sobre o território e buscam viabilizar a formação de forças de segurança lideradas por palestinos. Uma das opções é que isso seja colocado de pé por membros da ANP, em substituição ao Hamas.

Outros temas debatidos por Sullivan com o governo israelense nesta quinta foram o impacto das operações militares sobre a população civil de Gaza –que já mataram mais de 18 mil palestinos, segundo autoridades locais– e a entrada de mais ajuda humanitária.

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