Mais 6 detentos fogem de complexo onde estava Fito, líder de facção no Equador

Ao menos dois já foram encontrados pela polícia na cidade portuária de Guayaquil, dominada pelo narcotráfico

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São Paulo

A cidade portuária de Guayaquil, palco do narcotráfico no Equador e epicentro do agravamento da crise de segurança que se aproxima de completar uma semana, subiu o estado de alerta após a fuga de ao menos seis detentos da prisão na noite de sexta-feira (12).

Policiais patrulham região ao redor da Penitenciária do Litoral, em Guayaquil, após fuga de detentos
Policiais patrulham região ao redor da Penitenciária do Litoral, em Guayaquil, após fuga de detentos - Yuri Cortez/AFP

A gravidade do episódio cresce pelo fato de o complexo penitenciário do qual fugiram ser dominado pela facção Los Choneros, que está na origem do atual estado de exceção sob o qual vive o país.

Foi deste complexo que no último domingo (7) fugiu o líder do grupo, Fito, condenado a 34 anos de prisão por diversos crimes, entre eles tráfico de drogas e assassinato. Ele ainda não foi encontrado, mas as pistas iniciais mostram que pode estar na vizinha Colômbia.

Fito estava preso na Penitenciária Regional, e os detentos que fugiram mais recentemente, na do Litoral, as duas no mesmo complexo.

Ao menos dois dos detentos que fugiram na sexta foram encontrados, segundo informou a polícia de Guayaquil no X. A agência AFP relatou que dois helicópteros patrulhavam a área com projetores de luz, enquanto policiais em motos patrulhavam toda a região dos arredores.

Na penitenciária do Litoral estão alguns dos líderes do narcotráfico considerados mais perigosos no Equador, país que sucumbe a essa atividade criminosa a medida que se vincula a cartéis de drogas da Colômbia e do México. Narcotraficantes usam as cadeias como centros de operação de onde conduzem suas atividades, ordenam assassinatos e conduzem as chamadas "vacunas" (vacinas), prática de extorsão contra a população civil e empresas de pequeno a grande porte.

Um vídeo gravado na prisão de Machala, no sudoeste do país, e cuja autenticidade foi confirmada pela polícia, também contribuiu para o aumento dos temores. Nele, o cadáver de um detento envolto em um plástico é lançado na rua. Também circulam imagens de detentos sendo torturados, não confirmadas de forma independente.

A desinformação e o pânico entre a população têm provocado cenas de confusão, e autoridades trabalham para desmentir as informações, em especial nas redes sociais.

Pesa neste sentido o fato de a imprensa independente local ter sido muito enfraquecida, em especial durante a pandemia de coronavírus, restando poucos veículos de comunicação de grande porte.

Em meados de 2023, por exemplo, um dos jornais mais tradicionais do país, o El Comercio, praticamente parou de circular. Após uma greve devido ao atraso no pagamento de funcionários, o jornal ativo desde o início dos anos 1990 abandonou sua versão impressa e deixou de produzir reportagens, publicando apenas colunas de opinião.

Mais de 130 pessoas ainda estão sendo feitas reféns pelos grupos criminosos, a maioria sendo guardas das cadeias, além de cerca de 15 funcionários administrativos.

A ONU pediu que o governo do recém-empossado Daniel Noboa dê uma resposta proporcional ao crime levando em conta o respeito ao direito internacional e aos direitos humanos. A OEA (Organização dos Estados Americanos), por sua vez, condenou as ações violentas de grupos criminosos armados.

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