Três detentos fogem de prisão controlada pelo Exército no Equador

País vive estado de exceção desde janeiro em meio a onda de violência, fuga de chefe de facção e grave crise de segurança

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Quito | AFP

Três detentos fugiram da prisão de Latacunga (cerca de 90km ao sul de Quito), no centro do Equador, que está sob controle militar e havia recebido a visita de um grupo de jornalistas na véspera, informaram as Forças Armadas nesta sexta-feira (23).

Durante a madrugada de sexta, "detectou-se a fuga de três presos do Centro de Privação de Liberdade Cotopaxi", também conhecido como Latacunga, indicou o Comando Conjunto das Forças Armadas em comunicado.

Militar em meio a detentos na prisão de Latacunga, no centro do Equador
Militar em meio a detentos na prisão de Latacunga, no centro do Equador - Rodrigo Buendia - 22.fev.2022/AFP

O órgão acrescentou que a fuga foi percebida durante o controle diário de segurança realizado por militares, policiais e guardas penitenciários. A prisão tem capacidade para cerca de 4.900 pessoas e uma ocupação de quase 4.300.

As forças de segurança e o órgão encarregado de administrar as prisões no país (Snai) "acionaram os protocolos de investigação e buscas para a localização e recaptura" dos foragidos.

Um grupo de jornalistas visitou a prisão na quinta (22). Protegida por cerca de 1.500 militares, a penitenciária evidencia as marcas da violência e dos privilégios de chefes de facções criminosas. Entre vidros e paredes marcadas por buracos de bala, há resquícios de luxos antigos, como jacuzzis e até uma boate.

Situado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador era um país conhecido como tranquilo, mas a violência ligada ao narcotráfico fez os homicídios se multiplicarem, passando de 6 para cada 100 mil habitantes em 2018 para o recorde de 46 em 2023.

Atrás das grades, as motins e chacinas se tornaram frequentes. Desde fevereiro de 2021, cerca de 460 presos foram assassinados.

Em janeiro, a fuga de uma prisão de Guayaquil de Adolgo Macías, conhecido como Fito e chefe de uma das maiores facções do país, Los Choneros, foi o estopim da grave crise de segurança pela qual passa o país. A onda de violência pela qual passava o país e a fuga de Fito levaram o presidente Daniel Noboa a declarar guerra aos grupos criminosos para mobilizar a força militar nas ruas e prisões.

Após o decreto de que o Equador enfrenta um "conflito armado interno", a violência continuou, com explosões, sequestros assassinatos de policiais e a invasão de uma emissora de televisão por homens encapuzados captada ao vivo.

A presença de militares nas ruas reduziu a taxa de homicídios de 28 casos diários na primeira semana de janeiro para 11 depois de duas semanas, segundo dados oficiais.

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