Haley desiste de campanha, e Trump emerge como candidato à Casa Branca, diz imprensa americana

Ex-governadora da Carolina do Sul era último obstáculo a empresário no Partido Republicano

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Raleigh (Carolina do Norte)

Último obstáculo para a nomeação de Donald Trump no Partido Republicano, Nikki Haley vai anunciar nesta quarta-feira (6) sua saída da corrida presidencial, segundo a imprensa americana. A desistência irá confirmar uma nova disputa entre o ex-presidente e Joe Biden pela Casa Branca neste ano, embate rejeitado pela maioria dos americanos.

A desistência já era esperada. Nas últimas semanas, a ex-governadora da Carolina do Sul vinha indicando que encerraria sua campanha a depender do resultado da chamada Super Terça, quando uma série de estados realizam votações primárias. Haley perdeu para Trump em 14 dos 15 estados —sua única vitória foi em Vermont.

Nikki Haley acena para a multidão no final de um comício de campanha em Spring, no Texas
Nikki Haley acena para a multidão no final de um comício de campanha em Spring, no Texas - Brandon Bell - 4.mar.24/Getty Images via AFP

O fracasso da candidatura da republicana, que tentou se vender como uma alternativa menos caótica e mais moderada a Trump, ilustra a transformação da base do partido desde a ascensão do empresário na última década.

Haley demonstrou força nas primárias entre os republicanos tradicionais, de maior renda e formação, e independentes. Embora tenha conquistado um apoio significativo nesse grupo, ele não foi suficiente para superar o engajamento da base de Trump, mais pobre e menos qualificada.

Em New Hampshire, por exemplo, estado de perfil mais moderado, ela alcançou 43,2% dos votos, mas ainda assim ficou atrás do ex-presidente. O pleito era um dos poucos em que analistas viam alguma chance de Haley vencer, e sua derrota foi um banho de água fria em que desejava uma alternativa a Trump.

Dali em diante, foi ladeira abaixo para a ex-embaixadora dos EUA na ONU: ela perdeu para a opção "ninguém" na primária de Nevada, em que Trump não concorreu, e no estado da qual foi governadora, a Carolina do Sul, onde ficou 20 pontos atrás do empresário.

Sua única vitória antes da Super Terça foi entre o pequeno —e fora da curva— eleitorado republicano de Washington (Distrito de Colúmbia). Com 63% dos pouco mais de 2.000 votos depositados, ela se tornou a primeira mulher a vencer uma primária republicana na história.

Haley ganhou projeção com os debates entre os pré-candidatos republicanos no segundo semestre do ano passado, sobretudo em temas ligados a política externa. Seu bom desempenho atraiu eleitores e doadores, que passaram a apostar nela, e não mais em Ron DeSantis, como a melhor alternativa a Trump.

No entanto, assim como o governador da Flórida, ela não conseguiu encontrar o equilíbrio tênue entre conquistar, ao mesmo tempo, críticos e parte dos apoiadores do empresário no partido.

A insistência da ex-governadora em seguir concorrendo irritou Trump, que a pressionava para desistir, afirmando que poderia estar gastando seus recursos na campanha contra Biden.

Haley, por sua vez, sinalizou que pode não endossar a candidatura do empresário, embora tenha se comprometido a apoiar o nomeado do partido, independentemente de quem fosse, para poder participar dos debates organizados pelo comitê nacional republicano.

As atenções da corrida agora se voltam para quem Trump escolherá como vice. A própria ex-governadora chegou a ser aventada, mas o fato de ter prolongado sua campanha teria irritado o empresário.

Um conterrâneo de Haley, porém, vem sendo frequentemente citado: o senador Tim Scott, ele próprio um ex-candidato à nomeação do partido para a vaga na corrida presidencial. Conservador e negro, sua escolha é vista como uma forma de expandir o alcance de Trump.

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