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Irã alertou Rússia sobre ameaça antes do atentado a Moscou, diz Teerã

EUA também avisaram sobre possível ataque; incursão terrorista em sala de concertos deixou mais de 140 mortos no mês passado

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Moscou | Reuters

O Irã alertou a Rússia sobre a possibilidade de uma "operação terrorista" em seu território antes do massacre na sala de concertos perto de Moscou que deixou mais de 140 mortos no mês passado. A informação foi divulgada pela agência Reuters nesta segunda-feira (1º), de acordo com pessoas ligadas à inteligência iraniana.

Este foi o ataque mais mortal na Rússia em 20 anos. Durante o atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico, homens armados abriram fogo no Crocus City Hall, uma casa de shows ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa. Segundo números oficiais, a ação deixou 143 mortos e 182 feridos —mas ainda há quase cem desaparecidos.

Os Estados Unidos também avisaram a Rússia antecipadamente sobre um provável ataque islâmico. Ainda segundo a Reuters, Moscou teria minimizado essa informação por se mostrar desconfiado das intenções de Washington.

Um policial monta guarda próximo a um memorial improvisado após um ataque mortal ao local de concertos na região de Moscou - Maxim Shemetov - 27.mar.24/Reuters

Como Rússia e Irã são aliados diplomáticos, é mais difícil para Moscou rejeitar informações de Teerã sobre o ataque. Sob sanções ocidentais, os dois países aprofundaram a cooperação militar durante a Guerra da Ucrânia.

Dias antes do ataque, Teerã compartilhou informações com Moscou sobre um possível grande ataque terrorista dentro da Rússia, após interrogatórios de pessoas presas em conexão com atentados no Irã, disse um dos funcionários à Reuters.

Em janeiro, o Irã prendeu 35 pessoas do Estado Islâmico baseado no Afeganistão, incluindo um comandante do braço Khorasan, uma espécie de filial afegã e paquistanesa do grupo terrorista. Funcionários de inteligência dos EUA disseram que o Khorasan participou dos ataques em Moscou.

Uma segunda pessoa, que também pediu anonimato, disse que a informação fornecida a Moscou por Teerã sobre um ataque iminente carecia de detalhes específicos sobre o momento e o alvo exato.

"Os membros do Khorasan foram instruídos a se prepararem para uma operação significativa na Rússia. Um dos terroristas preso no Irã disse que alguns integrantes do grupo já haviam viajado para a Rússia", disse a fonte.

Questionado sobre a reportagem da Reuters, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou qualquer informação. O Ministério das Relações Exteriores do Irã e a Casa Branca não se pronunciaram sobre o assunto.

Na semana passada, o Comitê de Investigação da Rússia afirmou ter provas de que a Ucrânia tem ligações com o ataque terrorista. De acordo com a comissão, os responsáveis pelo atentado receberam dinheiro de "nacionalistas ucranianos". A Ucrânia, por sua vez, nega qualquer envolvimento com o caso.

A Rússia prendeu 11 pessoas pelo atentado, inclusive os quatro suspeitos de serem os atiradores que dispararam contra 6.200 pessoas na plateia que esperava um show de rock.

Segundo a agência de notícias Tass, combatentes estrangeiros detidos no domingo na região do Daguestão, no sul da Rússia, também estavam envolvidos no ataque. O FSB, serviço secreto russo, também disse que um dos quatro homens detidos confessou ter levado pessoalmente armas aos agressores de Moscou, segundo a agência de notícias Interfax.

Moscou não via um ataque do tipo havia pelo menos 13 anos. Houve tiros e pelo menos duas explosões em torno do Crocus City Hall. A banda de rock da era soviética Piknik começaria um show no lugar, que tem 6.200 lugares e estava com os ingressos todos vendidos.

Segundo o FSB, um número incerto de atiradores matou os seguranças do local, entrou e começou a atirar contra a plateia, que incluía crianças. Depois, explodiram duas bombas, deixando o local em chamas.

O mais recente grande atentado em Moscou ocorreu em 2011, quando 37 pessoas morreram numa explosão no aeroporto internacional de Domodedovo. Naquela ocasião, um terrorista islâmico foi responsabilizado pela ação. Depois disso, a mais chamativa ação havia ocorrido em São Petersburgo em 2017, onde uma explosão no metrô deixou ao menos 14 mortos.

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