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Seis ministros renunciam no Peru após escândalo por relógios Rolex

Presidente Dina Boluarte é investigada por suposto enriquecimento ilícito e deve ser ouvida pela Procuradoria

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Boa Vista

Seis ministros do gabinete da presidente do Peru, Dina Boluarte, renunciaram aos seus cargos em meio a investigação de enriquecimento ilícito envolvendo a chefe do Executivo.

O escândalo, apelidado de "Rolexgate", começou após reportagem do veículo peruano La Encerrona revelar suposta coleção de relógios de luxo da marca Rolex que Boluarte não teria registrado em suas declarações de bens.

A presidente do Peru, Dina Boluarte, apresenta novos ministros após renúncia de seis integrantes em meio a escândalo
A presidente do Peru, Dina Boluarte, apresenta novos ministros após renúncia de seis integrantes em meio a escândalo - Sebastian Castañeda - 1º.abr.2024/Reuters

Na madrugada de sábado (30), autoridades arrombaram a casa da presidente. Segundo um documento da polícia, cerca de 40 agentes e promotores atuaram para "apreender relógios Rolex". A presidente afirma ser vítima de um "ataque sistemático" e que não renunciará à liderança do país.

As pastas cujos titulares renunciaram foram os Ministérios do Interior, da Mulher, da Educação, da Produção, do Desenvolvimento Agrário e do Comércio Exterior e Turismo. Boluarte empossou os novos ministros logo em seguida.

Victor Torres Falcón (Interior) foi o primeiro a apresentar sua renúncia. Ele no entanto, não citou as investigações e afirmou apenas que pedia para sair em razão de um problema de saúde na família. "Espero que a ajudem [Boluarte] a governar, ela está fazendo as coisas bem. Se ela sai, o Peru afunda, o dólar sobe", disse Falcón.

Assumiu em seu lugar Walter Ortiz Acosta, general da Polícia Nacional do Peru —e quinto titular do Ministério do Interior durante o governo Boluarte.

Também as agora ex-ministras Miriam Ponce Vértiz (Educação) e Nancy Tolentino Gamarra (Mulher e Populações Vulneráveis) renunciaram sem citar as investigações ou criticar a chefe do Executivo.

Boluarte será ouvida pela primeira vez pelos promotores na sexta-feira (5), quando precisará explicar a procedência dos relógios de luxo. Seu destino político, no entanto, depende mais do Congresso, onde a oposição de esquerda planeja sua destituição, do que da Justiça.

Ainda que seja indiciada, Boluarte não poderá ser julgada até julho de 2026, quando seu mandato termina, conforme estabelece a Constituição.

O escândalo pode resultar em um pedido de impeachment pelo Congresso sob a justificativa de "incapacidade moral" —argumento recorrente no contexto de instabilidade política que se agravou no Peru nos últimos anos.

O partido Peru Livre, sigla de esquerda com a qual Boluarte rompeu ao assumir a Presidência após o autogolpe frustrado e prisão de Pedro Castillo em 2022, já começou os trâmites para o pedido de impeachment.

Para que o processo seja iniciado, no entanto, é necessário o apoio de ao menos 50 congressistas, e o pedido, por enquanto, tem cerca de 30 manifestações favoráveis. Os partidos de direita que controlam o Parlamento unicameral e são o principal apoio da presidente teriam que se aliar aos partidos de esquerda minoritários, algo difícil de ocorrer.

De todo modo, diante do escândalo, a reestruturação do gabinete de ministros atendeu a negociações com o Congresso para tentar assegurar apoio à presidente.

Isso porque, antes da troca no gabinete, já estava marcada a ida do primeiro-ministro Gustavo Adrianzén ao Legislativo, nesta quarta-feira (3), para apresentar a política geral do governo e solicitar um voto de confiança da Casa. O próprio Adrianzén assumiu recentemente o cargo após a renúncia de Alberto Otárola, envolvido em outro escândalo, de suposto tráfico de influência.

Com AFP

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