Nova onda de violência deixa mais de 15 mortos em dois dias no Equador

Autoridades dizem ter capturado líder de facção acusada de participar do assassinato de candidato à Presidência

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Quito | AFP

Uma nova onda de violência deixou mais de 15 mortos em dois dias no Equador, país que enfrenta uma grave crise de segurança devido à disputa de grupos criminosos por rotas do tráfico. O incidente que mais fez vítimas aconteceu neste sábado (30), quando oito pessoas foram assassinadas a tiros em Guayaquil, no sudoeste do país.

Segundo comunicado da polícia, indivíduos armados em um veículo abriram fogo contra um grupo de pessoas na área de Guasmo no começo da noite. Duas pessoas morreram no local, e as outras vítimas foram levadas ao hospital, mas não resistiram. Outras oito pessoas ficaram feridas.

Policiais com roupas camufladas tentam conter fogo em pneus durante uma rebelião em um presídio
Polícia tenta controlar uma rebelião dentro de um presídio em Guayaquil - MarcosPin -28.mar.24/AFP

As mortes acontecem em um contexto de crise de violência nesse país que, no passado, era um dos mais pacíficos da América Latina. Atualmente, porém, a nação está sob o domínio de facções criminosas —a taxa de homicídios passou de 6 por 100 mil habitantes em 2018 para o recorde de 43 por 100 mil em 2023.

A 120 quilômetros de Guayaquil, outro episódio de violência deixou cinco mortos. O caso aconteceu no balneário de Ayampe, uma praia no sudoeste do país onde seis adultos e cinco crianças equatorianos foram sequestrados quando cerca de 20 pessoas armadas invadiram o hotel em que os turistas estavam na última sexta-feira (29).

Aparentemente confundidos com membros de uma quadrilha rival à dos sequestradores, os adultos foram submetidos a interrogatórios e, mais tarde, os corpos de cinco deles foram encontrados com ferimentos a bala em uma rodovia próxima, de acordo com o comandante local da Polícia, Richard Vaca. Duas pessoas foram detidas neste sábado pelo suposto envolvimento nos homicídios.

Segundo o comandante, os turistas não parecem ter vínculos com organizações criminosas, mas os agressores "teriam confundido os indivíduos com seus adversários (...) na disputa pelo microtráfico na região". Durante as operações de captura, foram apreendidos fuzis automáticos, pistolas, explosivos e munições.

O presidente Daniel Noboa expressou "solidariedade às famílias" das vítimas em uma publicação neste sábado (30) na plataforma X.

Por fim, na sexta-feira, quatro pessoas, incluindo um militar, foram assassinadas na cidade de Manta, em Manabí. É a mesma província em que a prefeita de San Vicente, Brigitte García, foi executada a tiros na semana passada, em um novo caso de violência política após os assassinatos do candidato presidencial Fernando Villavicencio e do prefeito de Manta, Agustín Intriago, em 2023.

O caso de Villavicencio, aliás, teve novos desdobramentos neste fim de semana. No sábado, autoridades equatorianas afirmaram ter capturado um líder da facção Los Lobos, acusada de envolvimento na morte do candidato. O político era conhecido por denunciar casos de corrupção enquanto era jornalista investigativo e deputado.

O Equador mantém estado de emergência declarado há 90 dias para tentar conter 22 facções, incluindo a Los Lobos, que são consideradas grupos terroristas.

Com mais de 8.000 membros no sistema carcerário equatoriano, o grupo Los Lobos nasceu de uma cisão dos Choneros e se tornou a segunda maior facção do país, segundo a Insight Crime, think tank especializada em crime organizado. O grupo tem associações na Colômbia e no México e avança também na mineração ilegal. Dois líderes de Los Lobos já estão presos.

Durante a captura de um homem conhecido pelo pseudônimo de Vicente, as autoridades disseram que dois supostos criminosos ficaram feridos. Soldados também fizeram 12 prisões e confiscaram diferentes tipos de armas, munições e explosivos.

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