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Sunak convoca eleições no Reino Unido para julho, e rei aceita dissolução do Parlamento

Com baixa popularidade, primeiro-ministro do Partido Conservador deve ser derrotado por oposição trabalhista

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São Paulo

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciou nesta quarta-feira (22) que as próximas eleições legislativas do país serão realizadas daqui a pouco mais de um mês, em 4 de julho.

A data é anterior ao prazo final para a convocação do pleito, janeiro de 2025, bem como à época em que se esperava que ele ocorresse, entre setembro e novembro.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anuncia a data das eleições em frente à sua residência oficial, o número 10 de Downing Street, em Londres - Hollie Adams/Reuters

Especialistas afirmam que, com a decisão, o premiê busca capitalizar uma série de indicadores econômicos positivos antes que a situação se reverta.

A inflação está em 2,3% anuais, valor um pouco acima da meta de 2% estabelecida pelo Banco da Inglaterra, o banco central britânico, e muito menor do que os 11,1% de quando o líder ascendeu ao poder, em outubro de 2022.

A economia cresceu 0,6%, e o FMI (Fundo Monetário Internacional) aumentou suas previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) britânico neste ano. E a nação enfim parece deixar para trás a crise do custo de vida provocada pelo início da Guerra da Ucrânia, dois anos atrás.

A mensagem de Sunak seria que a economia britânica está na trilha certa e que só seu partido é capaz de manter o Reino Unido nela. Pelo menos foi isso que ele enfatizou ao anunciar a data das eleições nesta quarta, em frente à residência oficial do governo britânico, o número 10 da Downing Street, em Londres.

Sob uma chuva torrencial e lutando para ser ouvido enquanto manifestantes reproduziam "Things Can Only Get Better" (as coisas só podem melhorar, em tradução livre), um hino da oposição, ele listou as conquistas de seu período no governo e sugeriu despreparo por parte de seus rivais.

"Espero que meu trabalho desde que me tornei primeiro-ministro mostre que temos um plano e que estamos preparados para tomar decisões para que o país floresça por mais arrojadas que elas sejam", afirmou. "Agora é a hora de o Reino Unido escolher seu futuro."

As pesquisas de opinião indicam, porém, uma derrota quase certa do seu Partido Conservador, há 14 anos no poder. Segundo um agregador de levantamentos do site Politico, a diferença entre as duas princiáos siglas é de quase 20 pontos percentuais, com o Partido Trabalhista tendo 44% das intenções de voto nas eleições legislativas ante 23% dos conservadores.

Além disso, o próprio Sunak é altamente impopular. De acordo com a YouGov, 20% dos britânicos são a favor dele, contra 34% que apoiam o líder trabalhista, Keir Starmer.

Starmer, aliás —um ex-procurador público que vem reformando aos poucos o Partido Trabalhista, reorientando suas políticas econômicas para o centro e tirando das fileiras da sigla membros acusados de antissemitismo—, fez um pronunciamento pouco depois do anúncio do premiê.

"Essa eleição representa uma oportunidade de mudança", afirmou, fazendo referência ao slogan do partido nestas eleições, "Change".

Sunak vem sendo progressivamente isolado também dentro de sua sigla —deputados de legendas aliadas chegaram a ameaçar apresentar uma moção de desconfiança para dissolver o governo depois que os conservadores perderam várias eleições municipais, no início do mês. Ao que tudo indica, assim, Sunak dependerá de uma equipe reduzida de assessores para guiá-lo durante a campanha.

Nesse período, o Parlamento não funciona. O anúncio da data das eleições representa também a dissolução do Congresso, que ocorre a partir do dia 30 deste mês. A medida foi solicitada ao rei Charles 3º pelo premiê e concedida pelo monarca, como manda a tradição. Já os ministros do atual gabinete continuam a trabalhar normalmente até a formação de um novo governo.

Sunak assumiu a liderança do Reino Unido em outubro do ano retrasado. A iniciativa mais chamativa de sua administração foi provavelmente um controverso projeto para enviar solicitantes de refúgio em situação irregular para Ruanda, na África, aprovado depois de muitas idas e vindas.

O plano é criticado pelo Partido Trabalhista, ainda que tanto ele quanto o Partido Conservador defendam uma abordagem linha-dura para a questão migratória.

A principal diferença entre as propostas das legendas é, na verdade, econômica: os trabalhistas defendem maiores investimentos em serviços públicos, principalmente o sistema de saúde nacional.

Eles também acusam os conservadores de criar um cenário impróprio para o crescimento econômico com o caos serial de suas administrações —desde as últimas eleições legislativas, três conservadores já assumiram o cargo de primeiro-ministro, sendo um deles, Liz Truss, por meros 44 dias.

Com AFP e Reuters

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