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Ivan Valente e Juliano Medeiros:  Novidade à vista

Candidatura de Boulos à Presidência pode plantar a semente para a reorganização de um novo ciclo de vitórias para o povo

A polarização política é a marca dos últimos anos. De um lado, o ilegítimo governo Temer, fruto de um golpe parlamentar, busca destruir o pacto social da Constituição de 1988, atacando os direitos trabalhistas, a legislação ambiental e fundiária, a Previdência Social e o patrimônio público. 

De outro lado, setores populares resistem nas ruas e no Congresso à retirada de direitos e à alienação da soberania nacional, conseguindo derrotar, pelo menos por enquanto, o ataque à aposentadoria dos trabalhadores.

Ato de filiação de Guilherme Boulos ao PSOL na Fundação Lauro Campos, em São Paulo
Ato de filiação de Guilherme Boulos ao PSOL na Fundação Lauro Campos, em São Paulo - Suamy Beydoun/AGIF

No imponderável cenário eleitoral de 2018, a direita brasileira procura o seu “Macron” para continuar a controlar a política em favor dos monopólios, do agronegócio e do rentismo, enquanto são acossados pelo extremismo do fascismo tupiniquim de Jair Bolsonaro

Nomes como Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e mesmo Geraldo Alckmin não têm demonstrado até agora força eleitoral suficiente. 

No campo das forças de oposição ao governo Temer, há uma miríade de candidaturas. Alguns partidos reivindicam o legado dos governos petistas e a política de “ganha-ganha” desenvolvida por Lula e Dilma em aliança com os velhos partidos da ordem. 

 

Nesse bloco, há ainda candidaturas com recall eleitoral, mas baixa consistência programática e engajamento partidário. Por outro lado, existe também uma esquerda que compreende que o ciclo de conciliação de classes chegou ao final, sendo necessário desencadear uma luta sem tréguas em defesa dos direitos e da democracia, reconhecendo avanços mas apontando os limites da experiência liderada pelo PT. Nesse campo, o PSOL é o principal ator.

Evidentemente, há fatores que devem incidir sobre o quadro eleitoral no campo das esquerdas. O principal deles é a possibilidade de prisão do ex-presidente Lula, depois de uma condenação sem provas. 

Ainda que permaneça a desgastada polarização entre PT e PSDB, há espaço para alternativas à esquerda. 
O entendimento em construção entre PSOL, MTST e vários movimentos sociais para lançar Guilherme Boulos como candidato à Presidência da República é a grande novidade neste cenário.

Boulos consolidou-se como a principal liderança dos movimentos sociais urbanos, demonstrando   inegável protagonismo na defesa da democracia e dos direitos sociais.

Possui plenas condições de liderar um programa que combata a especulação financeira e o lucro dos bancos, que garanta os direitos dos trabalhadores, que aposte na distribuição de renda e da riqueza, colocando o dedo na ferida da necessidade da reforma agrária e urbana e da democratização dos meios de comunicação de massa

Outro aspecto fundamental será a defesa da democracia, sem nenhuma transigência com a violação de direitos humanos. 

A candidatura de Boulos terá a marca da luta e da mobilização popular, inspirada nas novas experiências da esquerda de unidade e organização de baixo para cima, a exemplo do que ocorre em países como Espanha, Portugal, França e Chile. 

Nosso partido já deu reiteradas mostras de combatividade, coerência, independência e compromisso com a democracia, com os direitos sociais e a ética na política.

Por tudo isso, a candidatura Boulos tem tudo para representar a grande novidade nessas eleições. Pode plantar a semente para a reorganização da esquerda e o início de um novo ciclo de vitórias para o povo brasileiro.
 

IVAN VALENTE, deputado federal por São Paulo, é líder da bancada do PSOL na Câmara JULIANO MEDEIROS, historiador, é presidente Nacional do PSOL

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