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Força centrífuga

Datafolha mostra desidratação do bloco centrista; tendência é de um 2º turno radicalizado

Da esq. para a dir., os presidenciáveis Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos)
Da esq. para a dir., os presidenciáveis Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) - Eduardo Anizelli/ Folhapress; Zanone Fraissat/Folhapress; Miguel Schincariol/AFP; Jorge Araújo/Folhapress; Nelson Almeida/AFP

Os números da mais recente pesquisa Datafolha de intenção de voto para presidente apontam para a anemia das candidaturas associados ao centro do espectro ideológico, que oscilaram para baixo ou se mantiveram estagnadas em relação à sondagem anterior.

Nesse sentido, quem mais chama a atenção é Geraldo Alckmin (PSDB) —que, a despeito de ocupar mais de 40% do tempo de propaganda na TV e no rádio, segue em 9% e sem variação superior à margem de erro ao longo da campanha.

Jair Bolsonaro (PSL) continua em primeiro lugar, com 28%, e em tendência de alta paulatina desde o ataque a faca que sofreu em 6 de setembro. No levantamento do dia 10, tinha 24%; em 13 e 14 do mesmo mês, marcou 26%.

A escalada mais evidente pertence a Fernando Haddad (PT), beneficiário da rápida transferência das intenções de votos depositadas no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, preso e legalmente impedido de concorrer.

Ao avançar dos 9% de dez dias atrás para 16%, o petista se destaca na segunda colocação, deixando numericamente para trás Ciro Gomes (PDT), que disputa preferências nos setores à esquerda e ficou estacionado em 13%.

A rejeição de Bolsonaro permanece a maior entre os presidenciáveis, estável em 43%. A de Haddad segue trajetória de alta e está em 29%. Parece razoável prever um aumento da cifra à medida que ele e sua associação a Lula se tornem mais conhecidos do eleitor.

Na simulação de segundo turno, ambos aparecem empatados com 41%. O candidato do PSL, aliás, agora se mostra mais competitivo nessa etapa do pleito —nos cenários em que enfrenta os principais adversários, só perde para Ciro (45% a 39%), embora não supere Alckmin e Marina Silva (Rede).

A pouco mais de duas semanas do pleito, seria precipitado tratar o quadro atual como imutável. Ainda não se sabe como, até o dia do sufrágio, eleitores poderão se reposicionar em escolhas estratégicas, exercendo o chamado voto útil —para evitar o risco do que considerem um mal maior.

Até aqui, entretanto, só os antípodas Bolsonaro e Haddad mostram crescimento, a despeito das taxas de rejeição elevada do primeiro e em alta do segundo.

Já o bloco centrista vem se desidratando. Juntos, Alckmin, Marina, Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) têm hoje apenas 24% das intenções, contra 30% no levantamento de 10 de setembro.

Se nada de novo surgir no horizonte, caminha-se para um segundo turno radicalizado —a opor o antipetismo, representado com  laivos autoritários por Bolsonaro, e o lulismo em sua versão mais messiânica e revanchista.

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