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Tom Rogan

Crescimento, segurança e influência internacional

Bolsonaro tem potencial para melhorar o Brasil

Apoiadores de Jair Bolsonaro comemoram sua eleição na Esplanada dos Ministérios, em Brasília - André Coelho - 28.out.18/Folhapress
Tom Rogan

​​O presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem o potencial de trazer algo novo e melhor para o Brasil, para a América Latina e para o mundo.

Os brasileiros têm corretamente mostrado seu grande desapontamento com o recente histórico de governança. Encapsulado pela condenação por corrupção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT desperdiçou uma grande oportunidade para o Brasil ao escolher o aparelhamento do Estado em vez da boa administração.

Enquanto alguns tentaram apresentar Fernando Haddad como o homem que moveria o partido na direção da gestão mais responsável, o histórico dele sugere o contrário. Sugere, sim, que Haddad é um leal defensor das políticas que tanto mal fizeram ao Brasil. Sua derrota, portanto, é notícia bem-vinda.

Por que devemos, então, ver Bolsonaro mais positivamente?

Algumas razões. Primeiro, em relação à política econômica, ele planeja reformar drasticamente o Estado inchado e ineficiente. Abençoado com grandes recursos naturais e com uma mão de obra educada, o Brasil exerce uma óbvia atração nos investidores estrangeiros. Mas eles não vão começar a se fixar no país até que seus líderes consigam provar que este é um local seguro para investimentos, onde o Estado de Direito e a facilidade de fazer negócios estejam à vista de todos.

O interesse de Bolsonaro em privatizar importantes estatais é uma particular oportunidade. Vale lembrar o exemplo da reforma econômica promovida pela ex-premiê britânica Margaret Thatcher (1979-1990).

Diante de uma economia decrépita e pesadamente regulada, Thatcher promoveu uma agenda de vasta privatização, desregulação e redução de impostos. Como resultado, o Reino Unido passou de um caso perdido em 1979 para uma potência econômica global em 1989.

No entanto, seguir esse caminho não será fácil. Assim como Thatcher enfrentou protestos em massa de sindicatos e de outros grupos com benefícios adquiridos, o plano de Bolsonaro encontrará resistência organizada e persistente. Ele precisa se manter resoluto.

Naturalmente, é a insegurança do país, comparável a uma zona de guerra, que corretamente será o primeiro foco de Bolsonaro. Muito já tem sido feito do plano de colocar as Forças Armadas nas ruas, mas suas melhores ideias residem em empoderar os cidadãos cumpridores das leis para que eles possam se defender por conta própria mais facilmente e garantir que as forças policiais tenham recursos investigativos para perseguir líderes do crime organizado e de gangues.

Quanto à segurança, Bolsonaro deve construir uma forte relação com os EUA. Afinal de contas, como a próspera economia da Colômbia e sua atual situação de estabilidade provam, o apoio de forças americanas pode ajudar a catalisar reformas positivas nesse setor. Igualmente importante, uma parceria com os EUA nessa área serviria muito a Bolsonaro em sua promessa de drenar o cisto de aparelhamento e corrupção que hoje contamina a vida política brasileira.

É na arena internacional, porém, que Bolsonaro pode ter sua melhor oportunidade de fazer do Brasil uma potência, uma nação que tenha influência diplomática para obter acordos comerciais favoráveis e promover seus ideais no palco global. Se as Forças Armadas do Brasil recebessem mais recursos, teriam como exercer um papel de destaque em preservar uma ordem internacional que promova o livre comércio.

Esses desafios são reconhecidamente grandes. E, sem dúvida, a retórica de Bolsonaro tem sido por vezes inapropriada e desagradável. Mas seu enérgico senso de urgência em prol de reformas é uma boa coisa. O Brasil tem a possibilidade de um grande futuro. Finalmente, o país tem um líder com a determinação para construir esse futuro.

Tom Rogan

Analista político e colunista da revista americana Washington Examiner

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