Descrição de chapéu

MEC a perigo

Sequência de fiascos protagonizada por Vélez parece interminável

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O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, participa de audiência pública em comissão do Senado
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, participa de audiência pública em comissão do Senado - Pedro Ladeira/Folhapress

Em algumas escolas, alunos incapazes de sair-se bem em avaliações durante o período letivo regular ganham nova chance na chamada recuperação, com revisão da matéria dada e nova avaliação. Por essa praxe, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, já estaria ameaçado de reprovação.

A sequência de fiascos protagonizada por Vélez parece interminável. Prometeu uma certa Lava Jato da educação da qual ninguém sabe —ninguém viu. Meteu os pés pelas mãos com uma carta sobre hinos e vídeos em escolas e quase caiu.

Após indispor-se com um ideólogo influente na família que ocupa o Planalto, Olavo de Carvalho, seu suposto mentor, deu início a uma dança das cadeiras em que todos tropeçam e ninguém se fixa nos assentos do segundo escalão.

O primeiro a se estabacar foi Luiz Antonio Tozi, secretário-executivo. Vélez tentou então nomear o assessor Rubens Barreto; fracassou. Em seguida, indicou Iolene Lima, que defendeu, num vídeo muito reproduzido, ministrar todas as disciplinas —da geografia à história e à matemática— com base na palavra de Deus.

A professora não teve tempo de começar a pôr em prática essa doutrina retrógrada, pois não chegou a ser empossada. Em manifestação nas redes sociais, anunciou que, após uma semana de espera, recebeu a informação de que não fazia mais parte do grupo do MEC.

O ministro que não consegue nem remontar sua equipe segue em frente com outras iniciativas temerárias na pasta. Dando curso à cruzada conservadora do governo Jair Bolsonaro (PSL), instituiu comissão para fazer “leitura transversal” das provas do Enem.

O temor entre educadores, que já levou o Ministério Público Federal a pedir explicações, é que sua verdadeira atribuição seja expurgar da prova questões sobre a mal denominada ideologia de gênero ou sobre a interpretação histórica da ditadura militar (1964-1985).

Não bastassem tais confusões, Vélez ora enfrenta ainda a suspeita de ter fraudado dados sobre produção bibliográfica em seu currículo acadêmico. É muita algazarra, sem falar da perda de tempo, para alguém com a tarefa urgente de tirar a educação do fosso de mediocridade em que se encontra.

editoriais@grupofolha.com.br

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