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Queima de fogos

Ministro celebra queda de incêndios em setembro, mas quadro é desalentador

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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles - Adriano Machado/Reuters

Após o dano à imagem do país causado pela proliferação de queimadas na Amazônia e em outros biomas, o governo Jair Bolsonaro (PSL) tenta recompor seu discurso para a área ambiental.

Na semana que passou, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, comemorou a redução dos incêndios na região amazônica em setembro. Verificou-se, no mês, o menor número de focos desde 2013.

Deixe-se de lado a ironia de o ministro celebrar dados do mesmo instituto que o governo atacou quando os números eram desfavoráveis. Importa mais saber se, de fato, há melhora digna de nota.

O resultado sugere que o envio do Exército para ajudar no combate ao fogo surtiu algum efeito. Especialistas apontam, porém, que o elevado índice de focos em agosto, o maior desde 2010, também colaborou para a redução devido ao consumo da matéria orgânica.

Apesar do alívio circunstancial, o quadro geral ainda é desalentador.

A quantidade de queimadas na Amazônia de janeiro a setembro é a terceira maior dos últimos dez anos. Com 66,7 mil focos de incêndio registrados, a cifra do período só ficou abaixo das apuradas em 2010 e 2017. Na comparação com o ano passado, o aumento foi de 42%.

Nos demais biomas, a situação também justifica o alarme. Com exceção da caatinga, onde o número de incêndios se mantém estável, os demais apresentam, até o momento, crescimento expressivo ante 2018: 58% no cerrado, 53% na mata atlântica, 91% no pampa e incríveis 340% no Pantanal.

Mesmo em setembro na Amazônia, a queda no número de queimadas foi contrabalançada pela elevação do desmatamento. 

De 1º a 19 daquele mês, os alertas do sistema Deter, do Inpe, indicaram uma destruição de 1.173 km² de floresta, ante 739 km² em todo o setembro de 2018.

Salles voltou nesta semana de um tour internacional com o declarado objetivo de desmistificar um suposto sensacionalismo sobre a situação brasileira.

Na Alemanha, que recentemente suspendeu o envio de R$ 155 milhões ao Brasil para ações de conservação, o ministro ouviu que os recursos seguirão bloqueados até que fique claro o destino do dinheiro. O país, como se vê, ainda precisará fazer muito para recuperar sua calcinada imagem ambiental.

​editoriais@grupofolha.com.br

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