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Chances de Trump

Republicano tende a escapar de impeachment e ser candidato forte à reeleição

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O presidente americano, Donald Trump - Brendan Smialowski/AFP

A longa história da democracia americana ganhou um capítulo pouquíssimo usual na quarta-feira (18), com a aprovação do impeachment do presidente Donald Trump pela Câmara dos Deputados.

O resultado fará do republicano o terceiro mandatário dos Estados Unidos, depois de Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1999, a ter seu destino político posto nas mãos do Senado, instância que dará a palavra final no processo.

Formalmente, recaem sobre Trump duas acusações: a de ter abusado do poder de chefe de Estado para proveito próprio e a de ter obstruído o Congresso durante as apurações do caso. 

De maioria democrata, a Câmara registrou, com relação à primeira, 230 votos favoráveis e 197 contrários e, quanto à segunda, 229 a 198 —era necessário o apoio de ao menos 216 dos 431 membros da Casa para que a ação avançasse.

As denúncias dizem respeito às pressões que o presidente americano exerceu em julho sobre seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, para que fosse aberta uma investigação contra Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente democrata Joe Biden, um dos favoritos a disputar com Trump a eleição presidencial do próximo ano.
 

Hunter Biden, que foi executivo de uma empresa de gás da Ucrânia, esteve na mira da promotoria daquele país por suspeitas de corrupção, embora nada tenha sido provado contra ele. 
 

Trump, à sua maneira, buscou desqualificar a ofensiva da Câmara, tachando-a de uma tentativa de golpe de Estado e recusando-se a apresentar uma defesa. Autoridades governamentais que testemunharam no processo, porém, corroboraram as denúncias.

Em que pesem a gravidade das acusações e a força das evidências, afiguram-se mínimas as chances de o processo prosperar no Senado, onde os republicanos contam com maioria e se mostram coesos no apoio ao presidente.

Será preciso a improvável defecção de 20 correligionários de Trump para que se alcancem os dois terços da Casa necessários para removê-lo do cargo.

Nessa batalha, que se desenrolará a partir do início do ano que vem, o maior risco para os democratas é que o presidente consiga convencer os eleitores, como Clinton o fez, de que tudo não passa de uma perseguição injusta.

Como constatou a reportagem da Folha, Trump mantém força política expressiva em regiões do país ressentidas com o declínio econômico atribuído a gestões democratas. É, nesse cenário, candidato competitivo à reeleição.

editoriais@grupofolha.com.br

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