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Corredores da lentidão

Velocidade de ônibus paulistano não avança porque prefeitos descumprem promessas

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Ônibus na avenida Eusébio Matoso, em São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

Entra prefeito, sai prefeito, e o transporte público na cidade de São Paulo —a maior e mais desenvolvida do país— continua insatisfatório. Entre as principais queixas dos usuários de ônibus, por exemplo, figura o intervalo excessivo entre dois carros da mesma linha, que atrasa ainda mais os longos trajetos para chegar ao destino.

Contribui para tal deficiência, sobretudo nos horários de pico, a baixa velocidade média dos coletivos paulistanos. Toda nova administração promete melhorar esse indicador de desempenho do sistema que atende 9 milhões de passageiros por dia, mas na realidade ele está há muito estagnado.

Como mostrou reportagem de quarta-feira (19) nesta Folha, a velocidade dos ônibus na megalópole estacionou em torno de 16 km/h a partir de 2017. E não se observou coisa melhor ao longo dos últimos dez anos: desde 2009 ela oscila entre 15 e 17 km/h nos picos de tráfego da manhã e da tarde.

Não admira que, nesse ritmo vagaroso, o deslocamento em transportes coletivos consuma em média 60 minutos em São Paulo. É quase o dobro da média geral (34 minutos), computados todos os trajetos feitos em carros, motos, bicicletas, trens, ônibus etc.

Trânsito carregado é o maior inimigo do passageiro de coletivos. A solução rápida dos urbanistas para o problema, mais do que conhecida, está nos corredores e faixas exclusivas para ônibus.

Não há alcaide que não prometa ampliar a malha dessas vias separadas, mas ela ainda avança a passos de tartaruga. A atual administração prevê agregar-lhe meros 38 km, ampliando-a dos atuais 512 km para ainda insuficientes 550 km.

Do total, só 130 km são de corredores segregados, junto ao canteiro central da via. Tal sistema acelera o fluxo de ônibus porque evita que disputem espaço com carros que fazem conversões à direita. Nos mais estruturados, porém mais caros de construir, a velocidade média pode atingir 40 km/h.

O conflito com automóveis particulares, de fato, representa importante obstáculo para aumentar a mobilidade do paulistano dependente de coletivos. Em algum momento, São Paulo terá de considerar a sério a hipótese de introduzir pedágios urbanos para desestimular os trajetos feitos de carro.

Mesmo essa intervenção ousada, contudo, jamais eliminará a necessidade de aumentar a rede de trens metropolitanos e de corredores de ônibus articulados.

editoriais@grupofolha.com.br

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