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Antonio Claudio Mariz de Oliveira

Um advogado a serviço da advocacia

Saudoso, 'Tucho' devotou à profissão abnegada e invulgar dedicação

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Uma tristeza adicional, mas intensa nesses tempos de coronavírus, é não poder se despedir daqueles que se vão. Sendo ou não a causa mortis, a epidemia apresenta mais esse cruel efeito, impossibilita a última visão, o último afago, o adeus definitivo ao querido que se vai.

Essa tristeza se abateu sobre todos aqueles que conviveram com Octávio Augusto Pereira de Queirós Filho, advogado de 74 anos, que nos deixou na quarta-feira (8) por razões outras que não o vírus que nos assola.

O advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira
O advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira - Alice Vergueiro - 21.ago.19/Folhapress

Formado em 1969, pela Faculdade de Direito da PUC-SP, foi um expoente de sua turma, identificado com os esportes na graduação, onde praticou vôlei e basquete. Durante o curso, foi diretor da “Atlética 22 de Agosto” e da Federação Paulista de Esportes Universitários.

Advogado militante por 50 anos, teve um hiato de um ano, quando exerceu as funções de secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo. Sua passagem pela pasta foi marcada especialmente pelo relacionamento excelente que manteve com a Polícia Civil, tendo angariado grande prestígio e constituído sólidas amizades.

Espírito voltado para a sua coletividade, na faculdade participou intensamente da vida acadêmica. Uma vez formado, logo engajou-se na política de classe, participando ativamente de algumas campanhas institucionais e das pugnas eleitorais.

Foi por três mandatos presidente da Caixa de Assistência dos Advogados e primeiro presidente da OAB Previ.

Passou parte de sua vida a serviço dos interesses dos advogados, especialmente daqueles necessitados de amparo e de assistência. Sensível às dificuldades do mercado de trabalho, em razão da abertura indiscriminada de faculdades e, portanto, do excesso de profissionais, o Tucho, como era conhecido, procurou criar mecanismos de auxílio aos colegas, assim como expandiu o número de sedes da entidade pelo interior.

Homem de nenhum luxo, desprendido, avesso às ostentações, possuía satisfação em estar com amigos nos frequentes encontros em almoços, churrascos e aperitivos, que se tornaram para ele sua família e para seus muitos amigos uma tradição de mais de meio século, iniciada nos bancos acadêmicos e que representaram uma amizade sólida e solidaria, por mais de meio século, acrescida de outros companheiros no correr dos anos. Essas tertúlias eram sempre regadas à cerveja e música. Na mocidade, Tucho tocou bateria.

Pai de três filhos e avô de seis netos, ele e sua companheira de 50 anos, Sandra, elegeram como prioridade absoluta os interesses da família, que se mantém unida e fiel aos valores que ambos passaram.

A sua morte está sendo muito sentida nos meios da advocacia, profissão para qual devotou abnegada e invulgar dedicação. Tucho sofreu pelo advogado carente, sofreu com o advogado carente e empenhou parte de sua vida em prol do advogado carente.

Antonio Claudio Mariz de Oliveira

Advogado

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