Descrição de chapéu

Público e privado

É meritório o emprego de leitos ociosos da rede particular, mas com negociação

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Enfermeira do Instituto Emílio Ribas, em SP - Folhapress

Chegou ao Brasil aquele momento temido da disseminação do novo coronavírus em que os sistemas de saúde, grandes cidades à frente, começam a entrar em colapso ou se avizinham dele. Na capital paulista, encontram-se ocupados 95% dos leitos de terapia intensiva de metade dos hospitais designados para tratar a Covid-19.

Enquanto o presidente da República não dá mostras de assumir responsabilidades diante do flagelo que já matou mais de 9.000 compatriotas, prefeitos e governadores reagem como podem —e nem sempre como deveriam. O bom administrador se revela pela capacidade de tomar decisões racionais.

Alguns já falam em requisitar de modo compulsório vagas de UTI na rede privada, para incluir na fila única do SUS. É uma possibilidade prevista em lei, mas alcaides, legisladores e governadores precisam proceder com cautela.

O aproveitamento de vagas pode e deve ser feito, sobretudo porque aumentou a ociosidade em hospitais particulares, ao que parece com o adiamento de cirurgias eletivas. Entretanto cumpre preservar a sustentação e a funcionalidade do sistema privado, essencial no modelo brasileiro.

A medida, se bem conduzida, pode até mostrar-se compensadora para seus mantenedores, que teriam aí uma fonte de receita alternativa —dado que seria abusivo confiscar leitos sem remunerá-los.

A Prefeitura de São Paulo deu exemplo e anunciou que pagará R$ 2.100 de diária por vaga ocupada, de modo a ressarcir ônus recaídos sobre os hospitais. Está buscando as instituições individualmente para negociar termos dessas parcerias, tendo já acordado a cessão de leitos com sete delas.

Onde houve maior dose de planejamento e aderência a recomendações de especialistas, não faltam até aqui leitos, intensivistas e respiradores. Isso não dá garantia de que não venham a faltar, pois ainda não há informações amplas e confiáveis sobre o comportamento da Covid-19 no país.

E tampouco em várias outras nações, registre-se, inclusive ricas como os Estados Unidos, que lideram a mortandade mundial.

Em tal cenário, resta administrar com sensatez os recursos disponíveis. Ceder a tentações voluntaristas, como a de confiscar leitos à base de canetadas, tende a desorganizar a rede privada sem garantir a qualidade do atendimento no SUS.

editoriais@grupofolha.com.br

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