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Juliana Bertoldi Franco, Denise Abranches e Ana Estela Haddad

A importância da odontologia no atendimento ao paciente com Covid-19

Tratamento reduz complicações e melhora a resposta aos cuidados médicos

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Juliana Bertoldi Franco

Cirurgiã-dentista do Hospital das Clínicas da FMUSP (HAS/ICHC) e doutoranda em Patologia Oral e Pacientes Especiais (FOUSP)

Denise Abranches

Cirurgiã-dentista, professora doutora e chefe do Serviço de Odontologia do Hospital São Paulo/Unifesp.

Ana Estela Haddad

Cirurgiã-dentista, professora associada da Faculdade de Odontologia da USP e ex-diretora de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (2005-2012, governos Lula e Dilma)

No nosso imaginário, o(a) dentista está no consultório, junto à cadeira odontológica com sua auxiliar, associado ao “cheiro de dentista” (cheiro de cravo clássico) e o seu famoso motorzinho.

No Brasil, o dentista foi incluído no SUS (Brasil Sorridente, a partir de 2003), integrando as Equipes de Saúde da Família e atuando também nos demais níveis de atenção.

“A atenção integral à saúde deve vir antes e determinar o uso que se fará das novas tecnologias”, Ana Estela Haddad, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde
A professora e cirurgiã-dentista Ana Estela Haddad

O que em geral não nos damos conta é que o dentista também atua nos hospitais, atendendo pacientes, na resolução de quadros de dor de dente, infecção dentária ou outras complicações orais.

O cuidado com a saúde bucal tem total relação com uma melhor resposta ao tratamento médico, é fundamento prévio a procedimentos como os transplantes de órgãos e tratamento oncológico. A odontologia hospitalar une a técnica e a ciência da profissão com o conhecimento da saúde geral e atua em equipe multiprofissional.

E em tempos de pandemia por Covid-19? Os dentistas estão na linha de frente dentro dos hospitais atuando juntamente com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, atendendo os pacientes à beira do leito nas UTIs e nas enfermarias, muito longe da visão clássica do dentista e sua cadeira odontológica.

Os atendimentos odontológicos são essenciais nos pacientes com Covid-19 devido às alterações bucais que ocorrem pelo longo período de intubação, como machucados nos lábios e língua, assim como a necessidade de conter sangramento dessas áreas, colocação de aparelhos dentro da boca (para que os pacientes parem de morder o tubo da ventilação mecânica), retirada de dentes pelo risco desses se soltarem durante este período, diagnóstico de doenças e lesões orais, realização de procedimentos odontológicos por conta de dor de dente ou de gengiva e o tratamento das infecções orais.

Adaptações da estrutura e da forma de realizar o atendimento possibilitam que o dentista possa tratar o paciente no próprio leito de internação, resolvendo o problema sem que seja necessário o seu deslocamento para o consultório odontológico.

A demanda odontológica é crescente e extremamente dependente do tempo de intubação a que os pacientes são submetidos. Além dos atendimentos odontológicos (aplicação de laser de baixa potência nas lesões orais traumáticas, extração dentárias, instalação de protetores bucais, contenção de sangramento e remoção de focos infecciosos), a equipe de odontologia realiza treinamentos de protocolos de higiene oral com a equipe de enfermagem, para que a realizem nos pacientes em UTI.

A própria equipe elabora artigos científicos sobre os procedimentos realizados durante a pandemia por Covid-19, avaliação dos dados pertinentes a esses pacientes que evoluíram para um quadro grave da doença e promove a capacitação dos alunos e de dentistas de outros hospitais.

A literatura cientifica e a prática diária mostram os benefícios dos cuidados com a saúde bucal. O tratamento odontológico é fundamental para a redução de complicações, melhora da resposta ao tratamento médico instituído e implementação da qualidade de vida e conforto oral do paciente.

Quem ganha com a presença e a atuação do dentista nos hospitais? A saúde de todos.

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