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O que a Folha pensa

Socorro aos yanomamis

À situação deplorável de saúde soma-se conflito provocado pelo garimpo ilegal

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Com quadro de verminose e malária, criança yanomami dorme em rede na aldeia Maimasi, perto da Missão Catrimani, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima - Divulgação

A imagem brutal de uma criança yanomami desnutrida, publicada pela Folha, ilustra a crise humanitária em territórios indígenas do país, particularmente em Roraima.

Relatório divulgado pela Unicef em 2019 apontou que 81,2% das crianças menores de cinco anos da área yanomami tinham baixa estatura para a idade, 48,5% tinham baixo peso e 67,8% estavam anêmicas. Além dos relatos de alta da malária, há o impacto da Covid-19.

A uma situação de saúde deplorável somam-se conflitos fundiários impulsionados pelo garimpo ilegal, em ascensão avalizada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Estima-se que existam hoje aproximadamente 20 mil garimpeiros ilegais dentro da Terra Indígena Yanomami, segundo o representante do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), atuante na região. No último dia 10, três morreram durante ataque a yanomamis, na comunidade indígena Palimiu (RR), acirrando as tensões no local.

Trata-se de um problema de grandes proporções e crescente. Relatório divulgado em março deste ano por organizações indígenas mostrou que, em 2020, os garimpos avançaram sobre 500 hectares de terras indígenas, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

Operação da Polícia Federal na Terra Indígena Yanomami neste ano encontrou barracos capazes de abrigar 2.000 garimpeiros, além de festas de Carnaval, prostíbulos e sorteios de revólveres.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) pediu ao Supremo Tribunal Federal a retirada urgente de invasores. Na corte tramita um caso sobre proteção a indígenas na pandemia.

É conhecida a hostilidade do governo Bolsonaro à política indigenista. Sua orientação se baseia em teses militares anacrônicas segundo as quais os territórios indígenas representariam ameaça à soberania nacional. A agenda do Palácio do Planalto contempla um controverso projeto de lei para regulamentar a mineração nessas áreas.

O cerco a esses povos se dá em paralelo à destruição ambiental, também obra da ideologia bolsonarista. Ambos merecem o mesmo repúdio doméstico e externo.

editoriais@grupofolha.com.br

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