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O que a Folha pensa enem

O ensino médio se move

Cronograma da reforma é bem-vindo, mas desigualdades desafiam as mudanças

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Estudantes no Enem, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Embora com certo atraso, o Ministério da Educação definiu como se dará a implantação do novo ensino médio, a meritória reforma sancionada em 2017 com o objetivo precípuo de dar maior flexibilidade à essa etapa do aprendizado, tornando-a mais atraente e próxima do cotidiano dos estudantes.

É consenso entre os educadores que a estrutura engessada e o conteúdo enciclopédico hoje vigentes estão entre as principais causas do desinteresse dos jovens brasileiros pela escola, cujo resultado se vê nas elevadas taxas de evasão registradas nessa fase.

No essencial, a reforma estabelece que os alunos escolham uma entre cinco áreas de concentração (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico), à qual dedicarão 40% de seu tempo.

Os 60% restantes serão organizados a partir da Base Nacional Comum Curricular aprovada em 2018, uma relação detalhada de temas, competências e habilidades a serem desenvolvidos.

Essas estratégias complementares, segundo o cronograma do MEC, serão colocadas em prática a partir de 2022 de forma escalonada, nas redes pública e privada.

Com as mudanças no currículo, mudará também a avaliação dos alunos. O Enem, principal meio de acesso às universidades federais, será atualizado ao longo dos próximos anos para que, em 2024, ocorra conforme as novas diretrizes.

Outra alteração relevante é o aumento da carga horária mínima, de 800 para 1.000 horas anuais, que encontra maiores dificuldades de implementação no período noturno, onde estão mais de um quinto dos alunos do ensino médio.

Na semana passada, o estado de São Paulo anunciou que poderá utilizar aulas remotas para cumprir a norma, um recurso válido, mas que deve ser usado com cautela, com modelos pedagógicos específicos, bem como professores preparados para essa modalidade.

O desafio que se coloca agora é o de garantir, num país atravessado por disparidades regionais, que todos os estados e municípios tenham condições de oferecer aos alunos a flexibilidade e a carga horária prometidas.

Para tanto, serão necessários investimentos em infraestrutura, além de recursos para contratação e formação de professores. Espera-se que as autoridades ajam com responsabilidade para garantir tais verbas em meio à penúria orçamentária do país.

editoriais@grupofolha.com.br

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