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Maria Inês Boldrin

Opiniões nem sempre agradam, mas informações são necessárias

Diversidade de ideias possibilita ao leitor filtrar suas aceitações e preferências

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Maria Inês Boldrin

Licenciada em matemática e pedagogia, é bacharel em teologia, mestre em educação e professora universitária e diretora de escola aposentada; lê a Folha há mais de 50 anos

Há algumas semanas, lendo os artigos de Tendências / Debates, vi a minha relação com a Folha estampada no Painel do Leitor. Às vezes a Folha publica alguns dos meus comentários. Recentemente, recebi um convite para escrever sobre essa relação de muitos anos. Ultrapassam as cinco décadas. É difícil saber a causa da escolha deste periódico: talvez por ser um dos poucos que chegavam ao interior de São Paulo.

Minha infância e adolescência foram passadas na cidade de Osvaldo Cruz (SP). O único veículo de notícias que tínhamos era o rádio. Posteriormente, em 1967, fui para Presidente Prudente (SP) cursar matemática numa faculdade pública.

Na época de faculdade no interior paulista, sem condições financeiras, trabalhava para me manter fora de casa. Era um período sombrio, fins da década de 1960, passando por cerceamento político, ideológico, perseguições e prisões de estudantes e intelectuais. O jornal chegava à cidade por volta da 10h. Como não tínhamos recursos, fazíamos um revezamento entre colegas para comprá-lo. Assim, íamos tomando conhecimento dos fatos que ocorriam na capital e em outros grandes centros, dentro do que a imprensa podia veicular. A censura era grande.

Após formada, no início de 1971, já trabalhando na capital paulista, a leitura passou a ser praticamente diária. Minha mãe ia de manhã à padaria e trazia a Folha. Pouco tempo depois passei a ser assinante, permanecendo até hoje. Muitas vezes tive que reclamar com o entregador, já que não colocava o jornal no local indicado e meu cachorro “lia” antes, estraçalhando-o.


Mantenho na memória as colunas de Lourenço Diaféria, Joelmir Beting, Paulo Francis e Gilberto Dimenstein, entre outros.

Para nós, professores, sempre foi uma bússola no uso das informações veiculadas sobre educação, como notícias, artigos, provas de concursos e vestibulares —os quais colecionei por vários anos e me serviram de material auxiliar em sala de aula. Não posso deixar de mencionar que, se gosto de futebol, deve-se ao fato de ter acompanhado as classificações dos times nas páginas esportivas e levá-las à sala de aula para trabalhar com os alunos o conteúdo referente aos números inteiros (positivos e negativos). Nem todas as crianças tinham acesso a jornais, e segunda-feira era o dia de analisar os campeonatos.

Há pouco tempo migrei para a Folha digital. Temos que seguir o que nos propõe a era da tecnologia e nos acostumar com os livros digitais também.

Um jornal que ultrapassa um século de serviço à população não pode ser considerado pequeno —e não é. Atualmente, as ideias, opiniões e ideologias nem sempre nos agradam, mas as informações são necessárias. A proposta mudou bastante: falta essa informação maior sobre o cotidiano envolvendo educação, esportes. Assuntos que passam de forma rápida, sem envolvimento. Os articulistas também têm, cada um, uma coleção de opiniões que nem sempre são as do jornal, mas estão lá. A diversidade proporciona aos leitores a possibilidade de filtrar as suas aceitações e preferências.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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