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Inês Bogéa

A potência das ideias

Economista brilhante, João Sayad também compreendia como poucos a beleza da arte e da cultura

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Inês Bogéa

Bailarina, professora, escritora, documentarista e doutora em artes pela Unicamp, é diretora da São Paulo Companhia de Dança

João Sayad (1945-2021) foi um grande economista que valorizava a arte e a educação e as considerava os caminhos fundamentais para a cidadania plena. Entre tantas missões assumidas ao longo de sua vida, abraçou com entusiasmo o desafio de gerir a pasta da Cultura do estado de São Paulo, entre 2007 e 2010, pois compreendia como poucos o caráter público desse setor. Batalhou de forma incessante pelo incremento de recursos às artes e, com isso, buscou valorizar todas as suas expressões. Para ele, gasto com cultura era investimento.

Na sua gestão se comprometeu em “definir foco e estratégia para todos nós que trabalharemos juntos e para o público paulista saber para onde queremos ir e como iremos”. Procurou dialogar com diversos artistas e produtores culturais para encontrar maneiras de apoiar as diferentes produções artísticas. “Se a arte está associada ao coração, a função da secretaria é desobstruir artérias e permitir a livre circulação: expor a cultura dos oprimidos para os opressores, a arte erudita para os artistas populares, a cultura popular para os eruditos, a cultura brasileira para o resto do mundo e a do mundo para os brasileiros."

O economista e professor João Sayad - Luis Ushirobira - 19.mar.15/Valor/Globo

Era apaixonado pela dança. E essa paixão, que compartilhava com José Serra, impulsionou a criação da São Paulo Companhia de Dança em 28 de janeiro de 2008. Naquele ano, escreveu: “Com mais de metade de seus municípios abrigando grupos de dança e com uma produção internacionalmente reconhecida, o Brasil tem crescente importância no panorama da dança, assim como a dança tem crescente importância na cultura do país. Compreendendo essa relevância como um convite à ação; o governo do estado criou mais um polo emulador dessa arte, a São Paulo Companhia de Dança”.

A seu lado, contribuí para a concretização desse sonho partilhado por muitas pessoas da área artística. João nos incentivou a pensar grande, a criar espaços inimagináveis para dar vida a uma ideia, e argumentou com muito humor em relação àquilo com o qual não concordava. Alegre e questionador, ele nos instigava a percorrer caminhos extraordinários e potentes com sua incrível energia.

Ao longo destes 13 anos de existência da companhia, ele esteve presente contribuindo de diversas maneiras, com sua visão de mundo que entendia o papel da cultura na vida de todos: “A arte expressa e inventa o Brasil”, dizia.

João reforçou os espaços de produção artística. Uma personalidade única no processo de ampliação e fortalecimento da cultura do seu tempo. Ele sempre disse “sim” para a dança, e nós diremos sempre “sim” para sua presença.

Nas voltas infinitas do tempo, nós o homenagearemos. E com a dança singular que criou para este mundo, ele está vivo em nossa memória hoje e sempre.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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