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Não ao negacionismo

Marca de 100 milhões de imunizados reflete capacidade do SUS e adesão social

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Fila para vacinação em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Com mais de 100 milhões de habitantes inteiramente imunizados contra a Covid-19, o Brasil alcançou na quarta-feira (13) uma marca que parecia inatingível no início do ano e merece ser celebrada.

Nove meses após o tumultuado início da campanha de proteção contra o coronavírus, 47% da população brasileira já recebeu as doses exigidas para garantir a proteção oferecida pelas vacinas, o equivalente a 62% dos adultos.

O caminho tem sido acidentado, e somente há poucos meses ganhou-se o ritmo necessário para alcançar o grau de cobertura requerido para conter novas ondas de contágio, com pelo menos 70% da população vacinada.

As primeiras doses da Coronavac foram aplicadas no país em janeiro. Foi preciso esperar meses pela regularização da entrega dos imunizantes contratados pela Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Saúde, com a AstraZeneca.

Somente mais tarde os brasileiros conseguiram ter acesso às vacinas da Pfizer e da Janssen. O governo perdeu tempo precioso, o que só não custou ainda mais vidas graças à estrutura e à reconhecida experiência do SUS em campanhas de imunização.

O negacionista Jair Bolsonaro, que sabota os esforços das autoridades na linha de frente do combate ao coronavírus desde o inicio da pandemia, nunca descansou em sua ofensiva macabra para minar a confiança da população nos imunizantes e nas medidas sanitárias.

Nesta semana mesmo, Bolsonaro voltou a dizer que não tomará a vacina e minimizou sua eficácia, a despeito das demonstrações oferecidas por inúmeros estudos científicos e pela queda palpável dos números de mortes e infecções nacionais nos últimos meses.

Felizmente, cada vez menos gente segue a opinião do mandatário, e isso ajuda a entender o avanço da imunização no país.

Em dezembro do ano passado, antes do início da campanha, 22% dos brasileiros diziam que não pretendiam se vacinar, segundo o Datafolha. Em julho último, eles eram apenas 5%. Entre os defensores do governo, os recalcitrantes eram 30% e foram reduzidos a 9%.

O apoio aos imunizantes é maior no Brasil do que nos Estados Unidos, onde 68% da população adulta já completou a vacinação. Segundo o Gallup, 20% ainda fogem da injeção, o que tem feito o processo perder velocidade.

Bolsonaro insiste na patranha antivacina porque precisa oferecer algo para alimentar os fanáticos que ainda sustentam parte da sua popularidade declinante. Ele depende desses setores radicalizados para viabilizar sua campanha à reeleição no próximo ano.

Seu comportamento continua representando uma ameaça à saúde pública, especialmente em regiões como o Norte e o Nordeste, onde o avanço ainda é lento e menos da metade dos adultos estão protegidos. Que seus moradores deem as costas ao presidente negligente e ofereçam o braço à vacina.

editoriais@grupofolha.com.br

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