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Simone Tebet

Todas as mulheres do mundo

Dinamismo ainda está longe de se refletir em conquistas e espaços mais efetivos

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Simone Tebet

Senadora (MS) e pré-candidata à Presidência da República pelo MDB

Por ser mulher dedicada à vida pública, tenho oportunidade de conviver com várias realidades e conhecer diferentes pessoas. Agora, na condição de pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, estas experiências ficaram mais acentuadas. E como elas têm me surpreendido!

Tenho rodado o país e visto um Brasil que dá certo. E, para minha alegria, boa parte das iniciativas bem-sucedidas são lideradas por mulheres. Nós estamos fazendo a diferença, mesmo diante de tantas adversidades e apesar de governos que não nos ajudam —ou que quase só atrapalham. Conheci as mulheres que comandam o projeto Redes da Maré, no Rio e que estão transformando a vida daquela comunidade. Vejo as mulheres do G10 das Favelas e as Mulheres do Brasil de Luiza Trajano.

A pandemia acentuou o protagonismo das mulheres que enfrentam os problemas com ações de acolhimento, prevenção e cuidado. Milhões delas deixaram de ser donas de casa para se tornarem donas da casa: no país, 45% dos domicílios já são comandados por mulheres. Mas esse dinamismo ainda está longe de se refletir em conquistas e espaços mais efetivos.

Esta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, é mais uma oportunidade de chamarmos atenção para as imensas diferenças de gênero que ainda permeiam nossa sociedade. Temos muitos deveres e muitos afazeres, mas bem menos direitos que os homens. Por quê?

Apesar de sermos a maioria da população e do eleitorado, nossos espaços ainda são minoritários. No Congresso, somos apenas 15% dos parlamentares, embora aqui já tenhamos 90 anos de voto feminino.

Mulheres estudam e trabalham mais, mas ganham bem menos que os homens. Embora trabalhem, em média, mais três horas por semana, as mulheres recebem, em média, 76% do rendimento dos homens. Pior: se forem negras, esse percentual é de apenas 43%.

Tenho orgulho de ser sido a primeira prefeita da minha cidade, Três Lagoas, e a primeira vice-governadora do meu estado, o Mato Grosso do Sul. Como senadora, fui também a primeira a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante do Congresso, e a primeira líder da bancada feminina no Senado.

Mais mulheres em posições de comando são caminho seguro para mais diálogo, mais humanidade, menos ódio, menos mortes. E é disso que nosso país e o mundo estão precisando: de um esforço conjunto para restaurar a esperança e reconstruir o futuro. Nós podemos.

Trinta anos atrás, numa música da qual tomei emprestado o título deste artigo, Rita Lee cantou que "toda mulher é meio Leila Diniz". Vou além: todas somos meio estas milhões de heroínas que estão mudando a vida de milhões no país. Cabe impulsionar o que dá certo e não sabotar, com ódios e picuinhas que estão destruindo a nossa política, o suor das mulheres que constroem, com amor, todo dia, um Brasil muito melhor. Também quero, cada vez mais, ser parte desta transformação. Nós, mulheres, vamos fazer a diferença.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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