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Alívio pandêmico

Com percepção de Covid mais contida, cai reprovação a atrocidades de Bolsonaro

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Fila para vacina em São Paulo, no mês de julho de 2021 - Rivaldo Gomes - 12.jul.21/Folhapress

A gestão da pandemia por parte do governo Jair Bolsonaro (PL), que nas pesquisas realizadas ao longo do último ano vinha sendo reprovada por mais de metade dos eleitores, obteve um veredito menos negativo no mais recente levantamento feito pelo Datafolha.

Comparada à sondagem anterior, de setembro de 2021, a fatia dos que consideram ótima ou boa a atuação do presidente ante a crise sanitária passou de 22% para 28%. Já aqueles que a avaliam como regular subiram de 22% para 25%, ao passo que a parcela dos que enxergam o desempenho como ruim ou péssimo caiu de 54% para 46%.

A mudança captada pela pesquisa não decorre de alguma mudança recente na postura de Bolsonaro. Pelo contrário: o negacionismo, a omissão, a irresponsabilidade e o desprezo pela vida seguem sendo as marcas essenciais da atuação governamental durante a pandemia.

Entretanto uma certa acomodação, natural depois de dois anos de angústia social e econômica, parece combinar-se, na opinião pública, ao alívio causado pelo arrefecimento da doença, terminando por favorecer uma apreciação mais benevolente do governo.

Embora a Covid-19 já tenha produzido a marca chocante de 660 mil mortes no país, não há dúvida de que a epidemia representa hoje um perigo muito menor que no passado. A principal razão são as vacinas —que Bolsonaro primeiro relutou em comprar, depois questionou a sua eficácia e, por fim, desestimulou a aplicação.

A população, felizmente, ignorou as patranhas presidenciais. Atualmente, 75% dos brasileiros já receberam as duas doses do imunizante, e metade do público elegível, a terceira. Essa diminuição de riscos transparece na percepção popular sobre o estado da pandemia.

Para 72% dos entrevistados, a crise sanitária está hoje parcialmente controlada e, para 15%, totalmente —apesar de uma média móvel diária de cerca de 200 mortes.

Com a pandemia deixando de ser o foco das preocupações nacionais, as inúmeras atrocidades cometidas por Bolsonaro nesse período tendem a se tornar menos vívidas na memória da população, o que, mais uma vez, contribui para uma opinião menos rigorosa sobre a atuação do mandatário.

Os dados apontam ainda que a avaliação da gestão da pandemia, que desde o início da crise vinha sendo pior que a avaliação geral do governo, agora convergiu com esta. Dito de outro modo, a reprovação da política sanitária hoje está mais restrita aos que reprovam a administração como um todo.

Não chega a ser grande resultado para um presidente tido como ruim ou péssimo por 46%, a pior marca de um eleito na redemocratização a esta altura do mandato.

editoriais@grupofolha.com.br

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