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Descuido vacinal

Governos e sociedade precisam reverter atraso na imunização de crianças e jovens

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Vacinação de crianças em São Paulo - Rivaldo Gomes - 22.jan.22/Folhapress

São preocupantes os dados que mostram atrasos na vacinação de crianças e jovens contra a Covid no país, após uma bem-sucedida imunização dos adultos mais velhos.

A Folha noticiou, a partir de números do Ministério da Saúde, que mais da metade dos meninos e meninas de 5 a 11 anos que receberam a primeira dose da Pfizer pediátrica ou da Coronavac nos primeiros meses do ano podem estar com a segunda dose atrasada.

Ademais, apenas 30% dos brasileiros de 18 a 24 anos de idade apresentam o esquema vacinal com as três doses recomendadas desde dezembro do ano passado. Os percentuais de adesão, aliás, decrescem com as faixas etárias.

Parece intuitivo que a queda da letalidade do coronavírus —a média diária de mortes deixou a casa dos milhares e hoje ronda uma centena— leva a um relaxamento com os imunizantes, a despeito da boa procura inicial. Na população, mais de três quartos tomaram duas doses ou dose única, segundo o consórcio de veículos de imprensa.

Se os cuidados diminuíram na sociedade, do Ministério da Saúde é que não se deve esperar maior diligência no governo de Jair Bolsonaro (PL). Nunca será demais lembrar que o presidente liderou uma ofensiva de desinformação a respeito das vacinas contra a Covid.

Quanto ao público infantil, cumpre dizer que o cenário já era alarmante antes da pandemia no que diz respeito a outras doenças, com alta da chamada taxa de abandono.

Isto é, os pais já vinham deixando de levar seus filhos para completar a proteção contra, por exemplo, sarampo, rubéola, caxumba (a tríplice viral, com duas doses) e poliomielite (três doses).

No caso da Covid, esse movimento ganhou o estímulo macabro das autoridades negacionistas. Em vez de campanhas como as protagonizadas no passado pelo Zé Gotinha, a pasta da Saúde ocupou-se de dificultar a imunização infantil.

Além de minimizar a necessidade e a urgência da vacina, defendeu uma despropositada consulta pública para recomendar que crianças de 5 a 11 anos fossem atendidas —desde que mediante a apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais.

Com a bem-vinda volta das aulas presenciais e diante do aumento do número de novos casos e reinfecções, todos os níveis de governo deveriam se articular para promover a imunização completa de crianças e jovens, com campanhas efetivas de esclarecimento.

A sociedade também precisa fazer sua parte. É fundamental o retorno às atividades econômicas e sociais, portanto não há motivo para retrocessos e riscos no processo de prevenção da doença.

editoriais@grupofolha.com.br

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