Durante a pandemia de Covid-19, no auge da dúvida do que nos aguardava —longe estávamos de picos e ondas que se anunciavam maiores e mais frequentes, vindas de outras partes do mundo—, o publicitário Nizan Guanaes lançou a campanha "Monte sua Árvore de Natal", um certo antídoto àquela angústia e sofrimento que se abatia sobre todos.
Afora a genialidade habitual, seja no conteúdo, mas, ainda mais especificamente, no timing de seu lançamento, Nizan dizia no foco principal: "A despeito de tudo, em dezembro vai haver Natal". Na realidade atual deste 2022, amenizada a pandemia com as vacinas e medidas de proteção, e independentemente de crises, críticas e solavancos, felizmente, em outubro, vai haver eleição. Por isso, prepare seu título de eleitor.
Mas não basta tirá-lo da gaveta empoeirada, passar um pano, limpar na blusa ou atualizar o aplicativo da Justiça Eleitoral. É preciso participar, engajar, viralizar. É preciso entender que o processo democrático se inicia muito antes. Os dias 2 e 30 de outubro, primeiro e segundo turnos, respectivamente, representam o ato final, não o inicial, da democracia.
Agora, em junho, a pouco mais de três meses do fim (o que na prática representará o começo de quatro anos), o que você tem feito para qualificar sua participação e ajuda para mudar o país? Mais especificamente para quem já anunciou votos em Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL): você já se perguntou, fora dizer "não" a Bolsonaro ou "não" a Lula, por que devemos dizer "sim" a eles?
Quais são as propostas que esperam deles, os dois mais bem colocados nas pesquisas, para economia, meio ambiente, infraestrutura, saúde e educação? Como estes dois, virtuais confrontantes de um possível segundo turno, pretendem reduzir o custo dos alimentos, controlar a inflação, baixar o preço dos combustíveis, encarar os efeitos da pandemia e evitar novos Doms e Brunos na Amazônia? Aliás, como pretendem cuidar da reputação do Brasil fora do Brasil?
É disso que deveria tratar uma eleição. O "sim" deveria vencer o "não". A proposta deveria vencer o vazio. O debate deveria vencer o medo. Por isso, vale a pergunta fundamental: quais são as propostas de vocês para o Brasil? A chamada terceira via, mais estreita ou alongada, também pode/deve responder. Se a candidatura de vocês não decolar, ao menos esperamos que pautem o debate público de ideias. Provoquem a discussão sobre o Brasil nos líderes. Já terá valido suas candidaturas.
Mas, voltando aos líderes, o que de ruim fizeram nós já sabemos, e o nível da pré-campanha não deixa dúvidas do quanto isso será explorado por ambos entre agosto e setembro na propaganda eleitoral. Prisões, denúncias, atos do passado e presente nós já conhecemos. Mas e o futuro? As razões de cada voto "sim" importam mais.
Aliás, quais são os compromissos que artistas, intelectuais, influencers etc. cobrarão no segundo mandato de Bolsonaro ou no terceiro de Lula? Quem os apoia, a despeito dos já notórios fatos desabonadores de lado a lado, sustenta seu assentimento baseado em que propositivamente? Só dizer que não quer o outro é pouco. É preciso explicar por que se quer quem se quer. Isso é responsabilidade democrática. Chega do "não"! Queremos o "sim"!
E, tal qual a certeza do Natal, em outubro haverá votação; portanto, prepare seu título eleitoral.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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