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Sinal de alerta

Levante popular no Sri Lanka tem raízes locais, mas evidencia as dificuldades de outros emergentes

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Manifestantes protestam em Colombo, capital do Sri Lanka - Reuters

País insular com 22 milhões de habitantes ao sul da Índia, o Sri Lanka vem despertando a atenção internacional tanto pela espiral de caos que se instalou internamente quanto pela dinâmica econômica que levou sua população a incendiar a casa do premiê, invadir a sede do governo e, finalmente, à fuga para as Maldivas do presidente Gotabaya Rajapaksa.

Há algumas semanas, o Sri Lanka tornou-se a primeira nação asiática a não honrar compromissos externos desde 1999. Devendo US$ 50 bilhões a diferentes países e agências internacionais, a ilha sofreu drástica diminuição no crédito, o que provocou a escassez de recursos para a compra de alimentos, combustíveis e remédios.

Não é pequena a lista de erros cometidos pela administração de Rajapaksa, agravados pela pandemia da Covid-19 e pela guerra na Ucrânia. Cortes agressivos de impostos antes da crise sanitária e a subsequente paralisação da economia com o isolamento social levaram o país a conviver com um déficit fiscal equivalente a 10% do PIB, tornando impraticável lançar mão de políticas públicas para conter o atual levante social.

Embora extremos, os eventos no Sri Lanka têm sido acompanhados de perto por organismos como o Fundo Monetário Internacional, que passou a considerar a possibilidade de ocorrências desse tipo em países emergentes.

Segundo as Nações Unidas, os preços dos alimentos atingiram há algumas semanas o maior patamar da história. Embora tenha havido alguma estabilização ou mesmo queda nos valores recentemente, a diminuição da renda em muitos emergentes na pandemia —e a partir do surto inflacionário global— criou um caldo em que novos protestos podem ocorrer.

Segundo o Center for Strategic and International Studies, de Washington, países como Afeganistão, Síria, Etiópia, Egito e Líbano estão bastante suscetíveis a levantes populares neste momento.

Na América Latina, produtores agrícolas argentinos se manifestaram em rodovias na quarta (13) e suspenderam a venda de grãos e pecuária para exigir isenção de impostos e a normalização do abastecimento do óleo diesel, em escassez no auge da colheita.

No Brasil, embora não haja registro de protestos, há cerca de 33 milhões de pessoas com dificuldade para se alimentar, a inflação segue em dois dígitos e a renda do trabalho é hoje menor do que há um ano.

editoriais@grupofolha.com.br

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