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Bibiana Alcântara Garrido e Carolina Guyot

Populações tradicionais preservam o cerrado

Modos de vida voltados à conservação ajudam a manter a savana mais biodiversa do mundo

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Bibiana Alcântara Garrido

Jornalista e mestre em comunicação, é comunicadora na iniciativa "Tô no Mapa" e no Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia)

Carolina Guyot

Engenheira agrônoma, designer gráfica e mestranda em ciências florestais; é pesquisadora na iniciativa "Tô no Mapa" e no Ipam

Povos e comunidades tradicionais ocupam ao menos 25% do território brasileiro e habitam o cerrado há 12 mil anos. Neste domingo (11), Dia do Cerrado, a savana mais biodiversa do mundo e um dos biomas mais afetados pela falta de políticas públicas para proteção da sociobiodiversidade no Brasil, ressaltamos a importância de populações tradicionais que cultivam modos de vida em harmonia com o meio ambiente, contribuindo para a conservação e o equilíbrio climático.

São mais de 650 mil famílias entre 29 segmentos reconhecidos pelo Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais entende como populações tradicionais as que: têm cultura própria e se reconhecem entre si; têm organização social; ocupam e se utilizam de elementos naturais como parte de sua identidade; e que vivem entre conhecimentos, inovações e práticas elaboradas e transmitidas pela tradição.

Área de cerrado desmatado para o plantio de soja no entorno da bacia do rio dos Couros, na Chapada dos Veadeiros - Lalo de Almeida/Folhapress

Roça, criação de animais, produção agroecológica e conservação estão entre as práticas mais comuns nos territórios tradicionais segundo a iniciativa "Tô no Mapa", realização de Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza) e Rede Cerrado, com apoio do Instituto Cerrados, que conta com um aplicativo de celular para o automapeamento de áreas historicamente habitadas.

É fundamental que populações tradicionais tenham direitos garantidos e territórios formalizados para a proteção à diversidade sociocultural e ambiental. Povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares ajudam a conservar a fauna e a flora cerratense e, com isso, os serviços ecossistêmicos oferecidos pelo bioma. Com nascentes de 8 das 12 principais bacias hidrográficas do país, o cerrado é água, alimento, medicina, casa e trabalho para milhões de pessoas.

No bioma há 211 territórios tradicionais reconhecidos pela Funai (Fundação Nacional do Índio), pela Fundação Palmares e pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade). Dos 9 milhões de hectares que ocupam, 95% é coberto por vegetação nativa, indica o MapBiomas. Outros 88 territórios tradicionais ainda não reconhecidos oficialmente foram mapeados até o momento no aplicativo "Tô no Mapa". Ocupam juntos uma área menor que aqueles registrados nos órgãos oficiais; ao todo, são 472 mil hectares, 90% cobertos por vegetação nativa.

O cerrado vivo proporciona também a vida. Que os direitos de populações tradicionais e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado façam prevalecer um futuro socialmente justo e ambientalmente saudável. Com incentivo e valorização, que possamos, assim como quebradeiras de coco, geraizeiros, quilombolas, indígenas e demais povos e comunidades, ver em nós um tanto de cerrado, e nele um tanto de nós.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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