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Projeto e realidade

Haddad propõe ações que, em seu tempo de prefeito, não progrediram a contento

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Fernando Haddad (PT), durante debate entre candidatos ao Bandeirantes - Marlene Bergamo/Folhapress

À esquerda e à direita, seja para o Executivo ou o Legislativo, campanhas costumam ser pródigas em vender ilusões ao eleitorado.

A profusão de propostas e promessas alcança patamares espantosos à medida que as disputas ficam mais acirradas —e quase sempre ignora as reais condições para que se tornem exequíveis.

Uma vez no governo ou nas Casas legislativas, o eleito logo se depara com delicadas costuras políticas, tempo escasso para implementar seus projetos, legislações e burocracias intrincadas e, sobretudo, frágil situação orçamentária.

Fernando Haddad (PT), candidato ao governo paulista que lidera as pesquisas, foi prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016. Ao término do mandato, e com base em critérios de sua própria administração, o programa de metas foi cumprido apenas pela metade (54,5%).

Na campanha de 2012, o petista esperava contar com R$ 9 bilhões em recursos federais, mas menos de R$ 2 bilhões chegaram à cidade.

O aperto no caixa inviabilizou planos ambiciosos, como a construção de 20 CEUs (centros de educação unificada) —foi entregue apenas 1— e 150 km de corredores de ônibus —optou-se, em ampla maioria, pelas faixas exclusivas à direita das vias, que indubitavelmente desafogam o transporte coletivo, mas têm eficácia menor.

Obras também ficaram pelo caminho, como um hospital na zona leste, tema explorado por adversários na corrida ao Bandeirantes.

Além de adotar o padrão CEU nas escolas da rede estadual e dar prioridade aos ônibus, Haddad pretende replicar experiências municipais que tiveram problemas de execução, como o Braços Abertos.

O programa previa moradia e tratamento aos dependentes da cracolândia. Os participantes prestavam serviços de zeladoria e recebiam R$ 15 por dia. Estudo apontou que dois terços dos beneficiários reduziram o uso da droga. O abrigo nos hotéis da região, contudo, mostrou-se temerário: o tráfico acabou se infiltrando nesses locais.

Nesta campanha, uma das metas mais ambiciosas do ex-prefeito é criar o bilhete único metropolitano, que visa integrar tarifas de municípios da mesma região.

Trata-se de uma vitrine petista, implantada com êxito na capital. Há, porém, desafios hercúleos, como acomodar interesses de prefeitos e empresários, além de entraves financeiros e tecnológicos.

Se é impossível prever se esses projetos irão adiante em uma eventual vitória, são alvissareiras as declarações do candidato de que pretende manter iniciativas de sucesso em gestões tucanas, como o Bom Prato, as câmeras corporais na polícia e a Rede Lucy Montoro.

Não é pouca coisa diante da prática encontradiça na governança nacional de reinventar programas de quatro em quatro anos.

editoriais@grupofolha.com.br

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