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Ensino roubado

Queda nos níveis de aprendizagem e indícios de corrupção expõem inépcia do MEC

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Alunos em escola pública da São Paulo (SP) seguem distanciamento na volta às aulas durante a pandemia - Zanone Fraissat/Folhapress

Levantamento conduzido pelo Datafolha trouxe, nesta semana, novos dados desalentadores sobre o impacto da pandemia na educação dos jovens brasileiros.

Segundo a pesquisa, que faz parte da série Jovens do Brasil, 61% dos estudantes de 15 a 29 anos em 12 capitais acham que a crise sanitária provocou perdas no aprendizado.

A percepção dos jovens se coaduna com os indicadores objetivos que, nos últimos meses, vêm apontando retrocessos na já problemática educação brasileira.

Os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica mostraram uma regressão no aprendizado dos alunos de escolas públicas e privadas —interrompendo uma melhora contínua desde 2005. Já a evasão no ensino médio registrou o primeiro aumento desde 2009.

Colhem-se agora, portanto, os frutos amargos semeados pela negligência do Ministério da Educação. Ao longo de toda a pandemia, o MEC abdicou da tarefa de coordenar a política nacional de educação, algo que lhe compete por lei.

Estados e municípios tiveram de enfrentar sozinhos os desafios de adaptação para o ensino remoto e de implementação de protocolos para a reabertura das escolas.

Além disso, o MEC converteu-se em fonte de escândalos ligados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) —órgão entregue por Jair Bolsonaro (PL) à sanha fisiológica do centrão.

Em fevereiro, conforme apurou a Folha, uma das diretorias do fundo pediu à Prefeitura de Uruaçu (GO) o envio de um ofício solicitando verbas para uma obra cujos recursos já haviam sido empenhados em dezembro de 2021.

Mais grave: os técnicos deram orientação para que o documento fosse preenchido com data anterior à liberação do montante.

Ou seja, o FNDE não apenas reservou recursos para uma obra que nem havia sido solicitada formalmente como ainda instou a prefeitura a fraudar a data da solicitação.

Trata-se de exemplo do descalabro identificado pela Controladoria-Geral da União no órgão, onde o abandono de critérios técnicos favorece a acordos escusos.
Incompetência e corrupção, às quais se juntam a balbúrdia administrativa e o viés ideológico. Eis o retrato do MEC sob Bolsonaro.

editoriais@grupofolha.com.br

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