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Com 3 premiados, Nobel da Paz ilumina resistência da sociedade a Putin e aliados

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Ales Bialiatski, ativista da Belarus laureado com Nobel da Paz ao lado de duas organizações de direitos humanos - Anders Wiklund/Reuters

O Nobel da Paz teve três premiados neste ano, mas o objetivo de seu comitê foi um só —laurear a resistência em prol da liberdade.

O ativista Ales Bialiatski, da Belarus, o Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia, e o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia dividiram o Prêmio Nobel da Paz de 2022. Trata-se de um recado claro contra o autoritarismo na região.

Os organizadores do Nobel escaparam da tentação de condecorar o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, evitando o risco de polêmicas à frente com a escolha de um governante —como ocorreu na premiação do americano Barack Obama, em 2009.

O Nobel segue a tradição de conferir foco ao papel da sociedade civil na promoção da paz, com destaque óbvio para os diretamente afetados pela guerra na Ucrânia.

O Memorial, grupo de direitos humanos mais antigo da Rússia, com mais de três décadas de atuação, chegou a ter seu fechamento ordenado em 2021 pela Suprema Corte do país, aliada a Vladimir Putin, e hoje enfrenta perseguição judicial e política.

A entidade foi designada como "agente estrangeiro", rótulo criado pela autocracia russa em 2012 para deslegitimar organizações da sociedade civil que recebem financiamento de fora. Ela atua especialmente na preservação da memória de milhões de russos perseguidos e mortos durante a era stalinista na antiga União Soviética.

Já o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia, fundado em 2007 e liderado por mulheres, tem se dedicado a monitorar desaparecimentos forçados no contexto da invasão russa ao território ucraniano.

O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin e reeleito em 2020 num pleito com indícios de fraudes, também ficou sob o holofote internacional com a premiação de Bialiatski, 60, que se encontra preso pela ditadura.

O laureado é o diretor da principal organização de direitos humanos do país, a Viasna (primavera). Ao premiá-lo, o comitê norueguês honra presos políticos e manifestantes reprimidos com violência, incluindo tortura, na esteira de protestos ocorridos em 2020.

Com a feliz opção de valorizar a força da sociedade civil, o Nobel ressalta a importância da memória e da exposição de violações como forma de encerrá-las.

editoriais@grupofolha.com.br

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